Resumo
Articular e problematizar as dimensões da ludicidade e da subjetividade, enquanto construção individual e social foi o objeto de estudo desta dissertação, que tentou elucidar o seguinte problema: qual a influência exercida pelas atividades lúdicas, na expressão da subjetividade das crianças e dos adolescentes? Como ponto de partida foi utilizado o estudo de caso com crianças de 1ª e 2ª séries e adolescentes da 8ª série do ensino de 1º grau da Escola de 1º e 2º Graus "Educar-se", que situa-se no município de Santa Cruz do Sul/RS, tendo sido criada e mantida como escola de aplicação da Universidade de Santa Cruz do Sul. Ficou evidente, na pesquisa, que há mecanismos que fomentam ou reprimem as manifestações subjetivas das crianças e adolescentes, em atividades lúdicas orientadas ou não. A ludicidade, na infância, consegue manter a espontaneidade, expansividade e a expressão do desejo, da alegria, da fantasia, da coragem, do risco, da aventura, que vai perdendo sua vitalidade, na adolescência, na medida em que o aluno vai sendo conduzido, nas aulas sob comando, com gestos padronizados da prática dos desportos, sem muito questionamento, possibilidade de recriação e de tomada de decisão, bem como influenciado por outros mecanismos hegemônicos e homogeneizantes do mundo socializado. Concluímos que, a ludicidade na construção da subjetividade, só pode ser entendida num processo dialético de construção-desconstrução, de "vir-a-ser". Assim, a ludicidade pode influenciar, na construção da subjetividade modelizada, produzindo um tipo de consumidor de subjetividade (dominada) ou pode oferecer mecanismos de resistência, de reação contra a alienação e opressão, estabelecendo relações de expressão e criação, quando a criança ou o adolescente podem se reapropriar dos componentes da sua subjetividade, forjando o chamado processo de singularização, representado pela subjetividade emancipada.