Resumo

No século XX, o envelhecimento bem sucedido passou a ser associado ao fato de se estar ativamente participando da vida em sociedade. Autores como Guillemard, AttiasDonfut, Lenoir e Gaullier entre outros, pesquisaram como se impôs socialmente um modo de vida, criando-se uma nova idade para as novas gerações que envelhecem. Substituiu-se a conotação negativa do envelhecer por uma nova higiene de vida. Com a supervalorização do estar ativo, estigmatiza-se a velhice dos que passaram a ser os verdadeiros velhos, que são os inativos, dependentes, um problema social. O tempo livre dos aposentados encontra no lazer e na vida associativa, suas atividades mais importantes, palco de um novo campo fértil para a intervenção de profissionais que se utilizam da animação. A prática de atividades físicas em associações e principalmente as ginásticas (tradicionais ou alternativas), são relacionadas como capazes de influir na saúde, autonomia, qualidade de vida e bem-estar, servindo para manter os idosos inseridos socialmente. Através de uma pesquisa sócio-pedagógica, investigamos duas associações brasileiras e duas francesas, que ofereciam a atividade ginástica. Foram entrevistados idosos, coordenadores e responsáveis pela condução da atividade em cada associação: Université du Temps Libre du pays de Rennes (UTL/Rennes), Associacion Rennaise des Retraités Sportifs (ARRS), Universidade Aberta da Terceira Idade da UERJ (UnATI/UERJ e Posto de Assistência Médica São Francisco Xavier em parceria com o Projeto Idosos em Movimento Mantendo a Autonomia (PAM/IMMA). O conteúdo de três aulas também foi analisado, levando em consideração, as características de uma pesquisa didática fundamentada no paradigma ecológico. Na literatura verificamos que tanto o movimento pela saúde como do envelhecimento ativo buscam seguidores com fortes argumentos, que os caracterizam como uma pastoral. O idoso dessa geração procura fugir de uma vida muitas vezes angustiante, sem sentido e tediosa, participando da vida associativa, resistindo dessa forma ao mau envelhecimento. Reação ao vazio do não trabalho, as atividades de lazer surgem como uma segunda carreira nessa nova idade. Quando analisamos os professores responsáveis pelas atividades, verificamos que suas intenções pedagógicas nem sempre coincidem com a prática realizada e os desejos expressos pelos idosos/alunos. As atividades didáticas que foram apresentadas recebem influência de preconceitos sociais que fragilizam os idosos, aproximando-os a crianças, e isto pode ser observado a partir dos conteúdos escolhidos e da forma como eles foram trabalhados. Em diversos momentos as aulas são escolarizadas sendo posta em prática por uma educação física instrumental. Finalmente percebeu-se que é forte a influência do movimento pela saúde nas atividades físicas praticadas pelos idosos, mas registrou-se a busca de um suporte teórico no grupo PAM/IMMA, que pode ampliar as perspectivas de atuação dos profissionais que atuam com a população investigada

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