Resumo

Analisamos a ressignificação como um dos encaminhamentos didático-metodológico do Currículo Cultural da Educação Física (EF), que se caracterizam pela não linearidade, e ausência de significados fixos, a saber: mapeamento, vivência, ressignificação, aprofundamento, ampliação, registro e avaliação (NEIRA; NUNES, 2009). No campo de pesquisa do Currículo Cultural, a ressignificação é um tema não explorado, o que abre algumas questões: como a ressignificação é pensada pelos docentes? Ela sofre recontextualizações? Quais são os efeitos que promovem no sujeito discente? Para responder essas questões, realizamos a análise textual, nos moldes propostos pelos Estudos Culturais, de nove relatos de práticas alinhados a essa proposta, divulgados em www.gpef.fe.usp.br. Como critério de inclusão, selecionamos seis textos produzidos por três docentes, levando em consideração o tempo de atuação de cada um como membros do GPEF. Iniciamos por dois relatos realizados pela mesma docente. O primeiro com crianças de 1º ano sobre “nossas brincadeiras”, e o segundo com alun@s do Centro de Integração de Educação de Jovens e Adultos (CIEJA), a respeito do “tchoukball”. Percebeu-se a ressignificação no processo de reconhecer a cultura corporal original e a dificuldade dos discentes em vivenciá-las na realidade escolar, sendo necessário pensar em outras formas de jogar, de criar novos jogos e desenvolver estratégias que afirmam a diferença como possibilidade de produção de significados culturais. Outro professor, realizou um trabalho de “Ginástica Rítmica Desportiva” com o 7 º ano, e o “maracatu” para alun@s do CIEJA. Observamos que ele toma a ressignifição como um processo de criação, que só acontece após as vivências e por atividades de aprofundamento da prática corporal escolhida. Em trabalhos com alun@s de 5º ano referente ao “Skate”, e sobre o “futebol e copa do mundo” com os 6ºs anos, por outro docente, encontramos a ressignificação nas adaptações das manobras, para torná-las mais fáceis. No caso do estudo acerca da Copa do Mundo observamos a ressignificação da prática corporal de outra maneira. Ela ocorreu na produção de outros modos de pensar o tema quando discursos de preconceito foram desconstruídos e reconstruídos por falas de valorização da prática corporal em estudo. Consideramos que a ressignificação é uma prática social que quando em ação teve o efeito de produzir diferentes maneiras de vivenciar e dizer acerca das práticas corporais tematizadas nos relatos. De acordo com o pensamento de Hall (1997), é possível afirmar que uma prática social para produzir efeitos, a depender dos significados postos antes, durante e depois das vivências resultam na produção de identidades transitórias que resistam às tentativas de fixação de identidades e aos dispositivos de normatização.

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