A Sobrevivência do Fair Play e do Olimpismo na Prática Esportiva
Por Adriano Leal de Carvalho (Autor).
Integra
INTRODUÇÃO:
O conjunto de princípios éticos que orientam a prática esportiva pode ser uma das mais próximas definições daquilo que se entende por fair play. Adicionando-se ao ‘nobre’ espírito cavalheiresco da aristocracia inglesa do século XIX, onde a nobreza de caráter e outros valores humanistas relacionados à época do Renascimento estava em evidência com a prática esportiva realizada, e os achados histórico dos Jogos da Grécia Helênica, Pierre de Coubertin idealizou a retomada daqueles valores culturais, resultando naquilo que entendemos hoje como Jogos Olímpicos da Era Moderna. Devido ao grande peso da História Grega, principalmente de seus valores sócio-culturais, a importância da recriação dos Jogos é que o Olimpismo possui sua forte influência na pratica esportiva até os dias de hoje, apesar de algumas transformações terem ocorrido para adaptarem-se ao momento histórico. Sua principal mudança foi a queda do amadorismo, que acabou com uma defesa de interesses da elite por trás de um suposto ideal atlético.
METODOLOGIA:
O objetivo deste trabalho foi analisar a importância do fair play e do Olimpismo para a prática esportiva atual, especialmente no esporte Olímpico, que possui características tão singulares. Para tanto foi feita uma pesquisa com documentos específicos sobre os temas Olimpismo e fair play. Entre esses documentos estão obras escritas pelo próprio Pierre de Coubertin, idealizador dos Jogos. Além disso, foram estudadas algumas entrevistas sobre as histórias de vida dos medalhistas olímpicos brasileiros. Os apontamentos feitos pelos pesquisadores e as análises das entrevistas com os atletas foram os principais norteadores desta pesquisa, o que possibilitou inferir a relevância atual do Olimpismo.
RESULTADOS:
Os dados obtidos apontaram que apesar da aparição do profissionalismo no esporte Olímpico e não-olímpico, onde altos salários e premiações ameaçam ser motivação maior pela vitória do que a conquista simplesmente do resultado, e apesar das inúmeras transformações que o fair play vem sofrendo nesses anos todos de Movimento Olímpico, algumas contrárias aos ideais de Coubertin, o Olimpismo vem sobrevivendo heroicamente à passagem do tempo e possui influência em muitas atitudes de vários atletas e promotores do esporte. A valorização histórica da cultura esportiva e a criação de Centros de Estudos específicos para estudos do Olimpismo (como as Academias Olímpicas Nacionais) e de documentos (como a Carta ao fair play) ajudam no fomento de estudos para desenvolvimento e promoção desse espírito esportivo no âmbito acadêmico.
CONCLUSÕES:
O Olimpismo ainda se apresenta como o grande norteador do Movimento Olímpico Contemporâneo. O espírito Olímpico difundido pela tradição Helênica perdura mesmo com a entrada da mulher no esporte e com a queda do Amadorismo, acontecimentos dos quais Pierre de Coubertin se opunha de forma contundente. Mesmo com tantos valores e tanta simbologia mítica por trás do fenômeno Olímpico, não são todos os atletas e dirigentes esportivos que possuem consciência da importância dos valores do Olimpismo e do fair play. A preocupação em superar o outro ao invés de superar a si mesmo, o doping e a chamada ‘vitória a qualquer custo’ ainda colocam em risco o espírito do fair play. Mas há também personagens do fenômeno esportivo que carregam as características arquetípicas de um herói com seu comportamento semelhante ao ‘nobre’ da aristocracia inglesa, ou à de um grande herói grego, mantidas as realidades temporais, onde os valores primordiais do Olimpismo continuam sendo observados.