Resumo

O papagaio de papel, aliado ao antigo desejo do homem, o de voar, buscou seu lugar em cada canto do mundo, portanto, cultural e intercultural, que com o passar dos anos se tornou um objeto de diversão de crianças e adultos, sendo um dos locais de prática a rua, que por sua vez está entre os espaços para a vivência do lazer no tempo livre. Segundo Pinto e Lopes (2009, p.867), a rua “se apresenta como espaço de transição entre casas, escolas e praças e também como um lugar de especificidade própria, onde acontecem eventos e relações sociais diversas, envolvendo adultos e crianças”, funcionando como redes de sociabilidade. Estes espaços, de acordo com Marcellino (2006, p.40), estão cada vez mais escassos, principalmente nas capitais brasileiras, devido à expansão das cidades, o que causa uma redução nas áreas livres para o lazer. Como se não bastasse a perda de espaço, a vivência do lazer através de brincadeiras tradicionais vem se tonando cada vez mais rara, tendo seus lugares assumidos por novas formas de brincar, principalmente durante a infância, dominada pelos brinquedos industrializados. Diante disto, esta pesquisa teve como objetivo demonstrar a importância da transmissão cultural do papagaio de papel por parte dos adultos para pessoas mais jovens. Para isto, foi realizada uma pesquisa de campo que se configura em um Estudo de Caso no bairro Cachoeirinha, em Manaus, na qual foram entrevistados 30 indivíduos adultos, maiores de 18 anos, por meio de um formulário semiestruturado. Os resultados nos remetem às características de uma brincadeira tradicional, tais como sua transmissão através da oralidade de geração para geração ocorrendo ainda na infância. Dos entrevistados, 21 têm filhos, mas somente oito empinam papagaio junto com os filhos. A liberdade de escolha pela atividade a ser realizada em seu tempo livre foi evidenciada ao justificar os que não empinam. Todos os entrevistados afirmaram ter tido seu primeiro contato com o papagaio de papel nesta fase da vida, sendo que oito entrevistados relataram que isso se deu antes dos quatro anos de idade, entretanto, todos declararam ter aprendido empinar papagaio com menos de 13 anos, sendo que este “aprendizado” se deu através da observação (56%) ou com outras pessoas, geralmente parentes próximos, entre eles o pai (17%), irmão (13%), tio ou primos (14%). No entanto, aqui parece não só ser importante a figura paterna como também a presença de uma pessoa mais velha no que diz respeito à experiência. As redes de sociabilidade permitiram o aprendizado não só com os parentes mais próximos como também olhando outras pessoas brincarem na rua. Concluímos através dos relatos dos entrevistados que o papagaio já não está mais tão presente no cotidiano de seus filhos ou parentes ainda em idade infantil, pois as crianças de hoje têm novas formas de brincar, preferindo outros brinquedos mais modernizados e informatizados.

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