A validação de um instrumento de medida para a gestão de desempenho na perspectiva de atletas
Por Gustavo Bavaresco (Autor), Geoff Dickson (Autor), Thiago Santos (Autor), Fernando Marinho Mezzadr (Autor).
Resumo
A gestão encontra-se em diversas fases no interior das Entidades Nacionais de Administração do Esporte brasileiro, e um ponto a se destacar é a gestão de desempenho (performance management), compreendendo como “a aquisição dos recursos necessários e seu uso eficiente por meio dos processos da organização para atingir metas relevantes e direcionadas, bem como uma alta satisfação das partes interessadas da organização” (Winand et al., 2014, p. 124). Entender a gestão de desempenho passa a ser uma matéria crucial para entidades esportivas, em especial a todos os seus envolvidos, stakeholders. Estas entidades passam por mudanças de gestão organizacional e seus envolvidos observam diferentes perspectivas da entidade (O’Boyle, 2015). Em decorrência a uma ruim gestão organizacional observada entre meio a diversos escândalos enfatizados pela mídia, estas entidades passaram a ser mais observadas, tanto pela sociedade quanto por órgãos reguladores. Assim, a partir de uma compreensão de gestão de desempenho e observando as entidades acima mencionadas, por meio da perspectiva de um membro de seus envolvidos, os atletas, encontra-se uma oportunidade de verificar como como os atletas brasileiros percebem a gestão de desempenho e de suas respectivas entidades esportivas. Objetivo: Neste sentido o objetivo deste trabalho foi determinar e validar um questionário que avalie a gestão de desempenho de Entidades Nacionais de Administração do Esporte sob a perspectiva de atletas, em nosso caso específico as Confederações Olímpicas Brasileiras e seus atletas. Metodologia: Foi realizada uma pesquisa quantitativa, a amostra se dá com base em atletas contemplados pelo Bolsa-Atleta de 2023, enviado a todos os 8056 atletas. O questionário é composto por nove seções: apoio financeiro a entidades esportivas e atletas (nove itens), identificação e desenvolvimento de talentos esportivos e atletas jovens (cinco itens), apoio à carreira de atletas de elite (cinco itens), instalações para treinamento e competição de atletas (três itens), treinamento e qualificação de técnicos (sete itens), organização de competições (cinco itens), transparência (sete itens), prestação de contas (quatro itens) e dados sociodemográficos. Usamos uma medida com uma escala Likert de 5 pontos (1 = discordo totalmente, 5 = concordo totalmente) para todos os itens. O questionário é baseado na literatura científica (Geeraert, 2018; Geeraert et al., 2014; Truyens et al., 2014; Truyens et al., 2016). Foi distribuído via e-mail para os bolsistas por meio de uma parceira do Ministério do Esporte e IPIE entre os meses de maio e junho, este processo rendeu 2792 respostas, das quais 1230 foram consideradas válidas para as análises. Sendo 663 (53,9%) homens e 567 (46,1%) mulheres. Suas idades variavam de 14 a 75 anos, com uma idade média de 25,5 anos, dispostas entre todas as categorias do BolsaAtleta e atletas com deficiência. Para analisar os dados, foi realizada uma análise fatorial confirmatória (CFA) para testar um modelo de medição, a revisão das propriedades psicométricas, a consistência interna foi avaliada usando a confiabilidade composta (CC) e a validade convergente (VC) foram usadas para identificar a qualidade do ajuste do modelo. Principais Resultados: Os resultados da CFA demonstraram um bom ajuste com X2 = 803.148, gl = 247, p < 0.000; GFI = 0.949; AGFI = 0.933; CFI = 0.953; TLI = 0.943; RMSEA = 0.043) e a variância média extraída variou de 0,50 a 0,68, indicando valores superiores a 0,50 (Fornell e Larker, 1981).