A Vibração Muscular Melhora o Desempenho da Tarefa de Iniciar o Andar em Pessoas com Doença de Parkinson
Por M. P. Pereira (Autor), P. H. S. Pelicioni (Autor), Q. J. Almeida (Autor), Lilian Teresa Bucken Gobbi (Autor).
Resumo
Indivíduos com doença de Parkinson (DP) apresentam um pior desempenho na tarefa de iniciar o andar, consequência da dificuldade na fase de ajuste postural antecipatório (APA) e/ ou de integração de diferentes planos motores. A vibração muscular é uma ferramenta capaz de suscitar ambos efeitos. Assim, nosso objetivo foi avaliar o efeito da vibração muscular sobre o desempenho da tarefa de iniciar o andar em indivíduos idosos sem comprometimento neurológico e em indivíduos com DP. Participaram do estudo 11 idosos sem comprometimentos neurológicos (GC: 69,63±3,80 anos) e 9 pacientes com DP idiopática (GP: 70,44±11,06 anos). Os indivíduos foram instruídos, a partir da postura ereta, a caminharem na sua velocidade de preferência. Consideramos para análise apenas o primeiro passo. Os indivíduos realizaram três tentativas de duas condições experimentais: sem (OFF) e imediatamente após trinta segundos de aplicação da vibração muscular (ON). A aplicação foi feita bilateralmente sobre os músculos tibial anterior, reto femoral e trapézio superior com uma frequência de 80Hz e 1,2mm de amplitude. Marcadores ativos foram posicionados bilateralmente sobre os maléolos laterais e sobre a face lateral da quinta articulação metatarsofalegiana, o que nos permitiu avaliar as características espaço-temporais da tarefa. Com intuito de verificar a influência do Grupo e da Condição sobre essas características foram realizadas ANOVAs two-way, sendo de medidas repetidas para Condição. Caso necessário, foi utilizado o teste post-hoc de Tukey para análises univariadas. A ANOVA revelou uma maior duração total da tarefa e da largura do passo, além de um menor comprimento e velocidade do mesmo no GP (F(1,18)>4,63 e p<0,04). A vibração promoveu, em ambos os grupos, uma redução na duração da fase de APA, um menor comprimento, largura e velocidade do passo com o uso da vibração (F(1,18)>5,55; p<0,02). Por fim, encontramos uma interação entre os fatores para a duração do passo (F(1,18)=5.04; p=0,03). A análise univariada demonstrou que apenas o GP despende um maior tempo para executar o passo em ON que em OFF (p=0,02). Não observamos diferença para o GC (p=0,99). A vibração muscular foi capaz alterar o padrão de execução do primeiro passo, diminuindo o tempo total despendido na execução a tarefa de iniciar o andar, em indivíduos idosos sem comprometimentos neurológicos e em indivíduos com doença de Parkinson. Esse resultado se deu principalmente pela redução da fase de APA, que por sua vez, é resultado dos efeitos posturais suscitados pela vibração muscular. Entretanto, para executar a tarefa com sucesso, indivíduos com DP necessitam de um maior tempo de processamento, aumentando a duração do primeiro passo.