Resumo

No ambiente universitário, um em cada três estudantes apresenta sintomas de ansiedade e/ou depressão. Geralmente, esses transtornos surgem na transição para a vida adulta, o que coincide com o ingresso no ensino superior, consequentemente piora do estilo de vida e, principalmente, dos hábitos alimentares. Nesse contexto acadêmico, a alimentação pode estar associada a sintomas de ansiedade e depressão, o que precisa ser melhor testado. OBJETIVO: Analisar a associação entre alimentação saudável e sintomas de ansiedade e depressão em estudantes calouros. MÉTODOS: Investigação com delineamento transversal, conduzida com 938 estudantes (Idade=20±4 anos; 51,4% do sexo feminino) ingressantes na Universidade Federal Rural de Pernambuco. Os participantes integram uma coorte multicêntrica (The UNIversity student's LIFEstyle and Mental Health Study - UNILIFE-M). A coleta de dados por conveniência, ocorreu por meio de um questionário online contemplando variáveis sociodemográficas (sexo, idade, etnia e índice de massa corporal - IMC), hábitos alimentares (SMILE) e avaliação dos sintomas de ansiedade (GAD-7) e depressão (PHQ-9). A análise estatística foi realizada por regressão logística binária, com ajustes para características sociodemográficas. Adotou-se um nível de significância de P ≤ 0,05. RESULTADOS: Foram observados sintomas de ansiedade em 44,6% dos participantes e sintomas depressivos em 49,2%. Os estudantes que nunca/eventualmente consumiam alimentos saudáveis apresentaram maior chance de ter sintomas depressivos (OR=1,80; IC95%: 1,29-2,51), independentemente de idade, sexo, etnia e IMC. Entretanto, não houve associação significativa entre hábitos alimentares e sintomas de ansiedade (OR=1,36; IC95%: 0,98-1,89). CONCLUSÃO: Universitários que nunca/eventualmente comem alimentos saudáveis apresentam um risco 80% maior de desenvolver sintomas de depressão, enquanto este hábito alimentar parece não estar associado aos sintomas de ansiedade. Portanto, aumentar a frequência de ingestão de frutas e vegetais frescos, legumes e produtos integrais pode contribuir positivamente para a saúde mental em calouros universitários