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INTRODUÇÃO:

O trabalho com pacientes autistas tem se tornado uma das subáreas mais importantes da Educação Física Adaptada. A análise da consciência corporal e espacial de crianças autistas é pedagogicamente importante em face do papel que a representação mental do próprio corpo assume frente ao desenvolvimento da criança. À proporção que o corpo mantém contato com o universo, configura-se a possibilidade das partes isoladas comporem um conjunto em si. Para os autistas, este contato com o universo é limitado, devido à diferenciação das características relacionadas ao funcionamento das áreas comportamentais, comunicativas e de interações sociais. A proposta de nossa intervenção é ampliar as possibilidades pedagógicas da Educação Física Adaptada para crianças autistas. De modo específico, temos por objetivo neste estudo analisar e comparar o perfil psicomotor destes sujeitos, validando a observação de campo pelo uso de testes. Através da análise das informações coletadas, pretendo discutir as possibilidades pedagógicas de criação de atividades minimamente ‘coletivas’ que permitam inserir os portadores da síndrome do autismo em atividades em grupos que apresentem características semelhantes, propiciando assim a criação de atividades de acordo com as limitações de cada grupo. METODOLOGIA:
Esta é uma pesquisa com delineamento ‘quase-experimental’ e caráter ‘transversal’. Foram selecionados oito jovens autistas atendidos pelo Laboratório de Educação Física Adaptado (LAEFA), da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES). Um painel de juízes composto pelos monitores do LAEFA dividiu os indivíduos em dois grupos (A e B) de igual tamanho (NA,B = 4), tendo por critério a observação do grau de manifestação de um conjunto de características autisticas. Considerou-se que o Grupo A reunia os indivíduos com características menos intensas e que o grupo B reunia os indivíduos com característica autisticas mais intensas. Cada um dos sujeitos de ambos os grupos foi submetido a uma bateria de testes destinados a mensurar as características que identificam o grau de manifestação da síndrome de autismo. Foram utilizados os seguintes testes: [1] Avaliação comportamental (Tustin Francês,1975); [2] Teste de Bruininks e Ozerestky adaptado para portadores da síndrome do autismo (In: Tustin,Francês, 1975); [3] Avaliação sensório - perceptiva (Tustin, Francês,1975). A metodologia de aplicação e avaliação seguiu as orientações específicas para cada um dos testes.

RESULTADOS:

A avaliação comportamental demonstrou que dos 4 indivíduos do Grupo A 3 apresentavam linguagem verbal, enquanto no Grupo B nenhum indivíduo apresentava este comportamento. Do mesmo modo, os ritos característicos eram mais presentes entre os indivíduos do Grupo B. Os resultados dos testes de Bruininks e Ozerestky indicam que um número superior de sujeitos do Grupo A alcançou êxito nos testes de organização espaço-temporal, equilíbrio estático, coordenação óculo-manual e coordenação geral, enquanto que os sujeitos do Grupo B obtiveram melhores resultados no teste de equilíbrio dinâmico. No que se refere à avaliação sensório-perceptiva, não foram observadas diferenças na capacidade de fixação de objetos com olhar e movimentação da cabeça, porém em relação à distinção de cores e formas, notamos que o Grupo A teve um desempenho superior em relação ao Grupo B. Os indivíduos do Grupo A apresentaram resposta aos seis elementos do teste de discriminação tátil enquanto os sujeitos do Grupo B apresentaram resposta somente em três. Não foram notadas diferenças importantes entre os grupos no que se refere à discriminação auditiva. Por fim, as avaliações do esquema corporal e da orientação espacial indicaram que dois, três ou quatro indivíduos do Grupo A apresentam noções de esquema corporal (cabeça, braços e mãos, pernas e pés, tronco) e espacial (em cima e em baixo, direita e esquerda, frente e atrás, dentro e fora) enquanto que apenas um indivíduo do Grupo B obtinha resultado positivo

CONCLUSÕES:

Os resultados dos testes validaram a divisão em grupos estabelecidos pelo painel de especialistas. Os resultados obtidos indicam a validade da observação baseada na experiência como forma de adequação das atividades terapêuticas aos interesses, capacidades e limitações dos pacientes autistas. O ajustamento das atividades ao nível de grupos mais ou menos homogêneos indica a possibilidade de estes indivíduos aprimorarem suas capacidades psicomotoras, a organização de seu esquema corporal e de sua orientação espacial mais aguçada permitindo assim a inserção de trabalhos que visem o desenvolvimento de atividades menos egocêntricas exigindo habilidades cada vez mais apuradas.