Análise da Habituação às Perturbações Externas Imprevisíveis Por Meio do Comportamento do Centro de Pressão: Efeitos do Subtipo da Doença de Parkinson.
Por Diego Alejandro Rojas Jaimes (Autor), Diego Orcioli-silva (Autor), Lilian Teresa Bucken Gobbi (Autor), Marcelo Pinto Pereira (Autor), Paulo Cezar Rocha dos Santos (Autor).
Resumo
Pacientes com doença de Parkinson (DP) apresentam características clínicas diferentes, destacandose dois subtipos motores: tremor dominante (TD) e instabilidade postural e dificuldades no andar (IPDA). As respostas posturais após perturbação externa inesperada são diferentes entre os subtipos da DP: pacientes com TD demonstram alterações em fases iniciais da resposta e o IPDA permanece mais tempo em posição instável. Sabe-se também que pacientes com DP apresentam atraso na habituação das respostas posturais e, até o momento, não está clara a influência dos subtipos da DP na habituação destas respostas. Dessa forma, o objetivo deste estudo foi investigar a influência do subtipo da DP nas respostas posturais durante a habituação às perturbações externas imprevisíveis. Participaram 29 pacientes, distribuídos em 2 grupos de acordo com o subtipo da DP (14 TD e 15 IPDA). O subtipo foi determinado a partir de itens da Unified Parkinson’s Disease Rating Scale, sendo que se a razão foi maior ou igual a 1,5, o paciente foi classificado como TD, e se foi menor ou igual a 1, IPDA. Na avaliação do controle postural, a perturbação foi causada pela translação da base de suporte do indivíduo no sentido posterior com velocidade de 15 cm/s e deslocamento de 5 cm. Dezessete tentativas foram realizadas no total, porém, em apenas sete ocorreu a perturbação, determinada de maneira randômica. Os parâmetros do centro de pressão (CoP) analisados foram: tempo para o pico (TTP), tempo para recuperar a posição estável, pico e amplitude do deslocamento. Para a análise estatística, ANOVAs two-way com fator para grupo (IPDA e TD) e tentativa (1x2x3x4x5x6x7) foram utilizadas. Além disso, dois contrastes planejados foram realizados quando interação e/ou efeito principal de tentativas foram revelados. ANOVA revelou efeito principal de tentativa para TTP (p<0,001), tempo para recuperar a posição estável (p=0,012) e amplitude do CoP (p<0,001). Pacientes com DP demonstraram menor TTP e menor tempo para recuperar a posição estável na tentativa 2 quando comparada à tentativa 1 (p<0,001, p=0,014), e maiores valores do TTP na tentativa 3 e do tempo de recuperação da posição estável na tentativa 1 em relação à 7 (p=0,005, p=0,012). Ambos os subtipos apresentaram maior amplitude do CoP na tentativa 1 quando comparada à 2 (p=0,010) e na tentativa 5 em relação à 7 (p=0,006). Além disso, a ANOVA revelou efeito principal de grupo, onde IPDA apresentou maior tempo para recuperar a posição estável quando comparado ao TD (p=0,011). A partir dos resultados é possível concluir que pacientes com IPDA apresentam piores respostas posturais frente às perturbações externas imprevisíveis, entretanto ambos os subtipos apresentam similar habituação à perturbação. Dessa forma, não há influência do subtipo da DP no atraso observado na habituação às perturbações externas imprevisíveis. Apoio FAPESP [#2016/00503-0; #2018/07385-9]; CAPES (Código de financiamento 001); CNPq (#309045/2017-7; 429549/2018-0).