Resumo

A análise do desempenho muscular por dinamometria hipocinética comumente utiliza-se de valores de torque máximo de quadríceps e isquiotibiais. Porém com a utilização dos valores de torque em função da amplitude de movimento, bem como o cálculo da potência e do desequilíbrio muscular desta maneira torna possível observar o comportamento muscular e a capacidade de estabilização do joelho ao longo de toda amplitude de movimento, e possibilita identificar amplitudes que há risco de lesão de LCA. O objetivo deste estudo foi analisar a série temporal da produção de torque do quadríceps e dos isquiotibiais e calcular a potência e o desequilíbrio muscular de atletas de futsal feminino em função do ciclo de movimento de flexão e extensão do joelho no membro dominante. A amostra foi composta de 19 atletas amadoras de futsal feminino, com idade média de 20 ± 2,83 anos. A avaliação consistiu em 2 série de 5 repetições máximas de extensão/flexão do joelho unilateral de forma concêntrica, em 2 velocidades angulares (180°·s-1 e 210°·s-1) através de um dinamômetro isocinético (Biodex System Pro4). As análises foram baseadas nos valores de torque e potencia do quadríceps e dos isquiotibiais em função da amplitude de movimento, e foram calculadas a razão entre essas musculaturas em função da amplitude de movimento. Foram comparados os valores de torque, potência e razão em função do ângulo do joelho, para ambas as velocidades através da ANOVA e teste de Tukey post hoc. As variáveis foram analisadas em rotinas de ambiente Matlab®, com o valor de significância de 5%. Os valores de torque e potencia do quadríceps apresentaram-se maiores de 40% a 80% do ciclo de movimento nas velocidades de 180°·s-1 e 210°·s-1 que corresponde aos ângulos de 50° a 70° de flexão do joelho. Os valores do torque dos isquiotibiais foram maiores de 80% a 100 % do ciclo, que corresponde aos ângulos de 70° a 80° de flexão do joelho em ambas as velocidades, enquanto que a potencia dos isquiotibiais foi constate até 70% do ciclo, com menores valores de 70% a 100% do ciclo, que corresponde aos ângulos de 65° a 80° de flexão do joelho. Com relação a razão em função do ciclo de movimento, 6 atletas apresentaram em algum instante do ciclo de movimento valores abaixo de 60% na velocidade de 180°·s-1, e 4 atletas a 210°·s-1. O estudo mostra que análise do torque, potência e razão ao longo do ciclo de movimento caracteriza melhor o desempenho muscular destas atletas e identifica desequilíbrios entre isquiotibiais e quadríceps que poderiam não ser encontrados com o método de análise convencional, além de fornecer informações sobre desempenho em ângulos específicos do movimento de flexão e extensão do joelho que podem ser utilizados no treinamento e reabilitação destes grupos musculares.

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