Resumo

O objetivo da presente dissertação é elaborar diretrizes para a otimização conjunta na prática do paratletismo, isto é, contribuir com a formulação de estratégias de prevenção de lesões musculoesqueléticas e com a melhoria do rendimento esportivo dos atletas cadeirantes do paratletismo de lançamentos de dardo e disco. O esporte paralímpico possui grande potencialidade, mas tem sido marcado por alta prevalência e incidência de lesões, que podem comprometer a saúde e o desempenho dos atletas. Uma cadeia longa e complexa de fatores interage nesse fenômeno, podendo promover desequilíbrio na relação entre a capacidade do atleta em dissipar, gerar e transferir energia mecânica e a quantidade de estresse imposta ao sistema musculoesquelético durante o desempenho das atividades esportivas. Esse estudo visa compreender tais fatores e sua relação com a modalidade do atletismo de lançamentos, para indivíduos com lesão medular, da classe funcional F55. A pesquisa teve como abordagem metodológica a Análise Ergonômica do Trabalho. Foram utilizadas técnicas de interação e de observação, roteiros de ação conversacional, verbalizações, registros fotográficos e vídeos. O estudo da prática de lançamentos de dardo e de disco evidenciou a adoção de diferentes modos operatórios, pelos atletas, nos contextos de treino e competição, alguns dos quais patogênicos, em termos de Lesões musculoesqueléticas, e inibidores de melhores rendimentos. Os modos operatórios estão relacionados com aspectos da organização do trabalho (planejamento, monitoramento, cadência, metas etc.) de treinamento, com a tecnologia (cadeira de lançamento; implemento) utilizada no treinamento e com as características do atleta (classe funcional etc.). Verificou-se, durante os treinamentos, a ausência de pausas sistematizadas e a exigência mínima, pela equipe técnica, do aperfeiçoamento dos movimentos de lançamento dos implementos durante os treinos, a execução de treinos fora do prescrito na periodização do grupo, a ausência de acompanhamento individual dos atletas, pela equipe técnica, e a ausência de uso de instrumentos de monitoramento de prevenção de lesões musculoesqueléticas, assim como de rendimento. Outros quesitos também foram evidenciados, como a utilização de cadeiras de lançamento, fabricadas artesanalmente, sem levar em conta, adequadamente, os dados antropométricos dos atletas, suas características, sua classe funcional, sua prática e uso real – atividade em si -, nem os critérios de conforto, segurança, portabilidade e modularidade. Todos esses fatores associados contribuem para o desenvolvimento e/ou agravamento das lesões musculoesqueléticas nos paratletas de lançamentos, bem como em seu rendimento, integradamente. Ao final dessa pesquisa foi possível compreender a modalidade estudada, dentro das suas peculiaridades e contextos, possibilitando dessa forma a elaboração de recomendações de melhoria para prática esportiva, na perspectiva da otimização conjunta. Recomenda-se, portanto, a realização de estudo antropométrica dos atletas, para o desenvolvimento de cadeiras de lançamento, a fabricação de cadeiras de lançamento para os contextos de treino e de competição, considerando critérios de segurança, conforto, rendimento, classe funcional e modalidade de lançamento, a realização de pausa formal a cada lançamento durante a execução dos treinos, uma correção sistemática dos movimentos de lançamento dos atletas, pela equipe técnica, dentre outros.

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