Antirracismo moral, branquitude e resistências negras ao controle racial no desporto
Por Silvia Rodríguez Maeso (Autor).
Em IX Colóquio de Pesquisa Qualitativa em Motricidade Humana
Resumo
Desde os anos 1950, os discursos oficiais desde organismos estatais, organizações dominantes da sociedade civil e empresas privadas têm institucionalizado um entendimento do combate ao racismo baseado na retórica da “unidade na diversidade” ou “todos iguais na diferença” e em campanhas de “sensibilização”. Este entendimento que denominaremos de “antirracismo moral” têm sido preponderante na esfera do desporto, com maior visibilidade no futebol. Esta comunicação parte de uma crítica a este paradigma, entendido como um produto da branquitude, para propor uma análise dos debates sobre racismo no desporto que enfatiza os processos de controle racial que procuram o disciplinamento das resistências negras. Num mundo antinegro, a violência colonial-racial rotineira contra as pessoas negrxs, que tem a sua expressão institucional mais óbvia nos sistemas de policiamento e encarceramento, é também constitutiva do mundo do desporto. Destacaremos como as resistências negras que não se acomodam as regras do jogo do antirracismo moral são alvo de disciplinamento, incluindo a expressão da alegria negra. Neste contexto, iremos destacar os contornos específicos da violência contra as mulherxs negrxs, através do conceito cunhado por Moya Bailey de “mysogynoir” ou “misoginia negra” e a sua expressão no desporto, considerando como o feminismo branco tem marcado o debate sobre “empoderamento” e “igualdade” que privilegia os interesses e experiências das mulheres brancas.