Resumo

Desde os anos 1950, os discursos oficiais desde organismos estatais, organizações dominantes da sociedade civil e empresas privadas têm institucionalizado um entendimento do combate ao racismo baseado na retórica da “unidade na diversidade” ou “todos iguais na diferença” e em campanhas de “sensibilização”. Este entendimento que denominaremos de “antirracismo moral” têm sido preponderante na esfera do desporto, com maior visibilidade no futebol. Esta comunicação parte de uma crítica a este paradigma, entendido como um produto da branquitude, para propor uma análise dos debates sobre racismo no desporto que enfatiza os processos de controle racial que procuram o disciplinamento das resistências negras. Num mundo antinegro, a violência colonial-racial rotineira contra as pessoas negrxs, que tem a sua expressão institucional mais óbvia nos sistemas de policiamento e encarceramento, é também constitutiva do mundo do desporto. Destacaremos como as resistências negras que não se acomodam as regras do jogo do antirracismo moral são alvo de disciplinamento, incluindo a expressão da alegria negra. Neste contexto, iremos destacar os contornos específicos da violência contra as mulherxs negrxs, através do conceito cunhado por Moya Bailey de “mysogynoir” ou “misoginia negra” e a sua expressão no desporto, considerando como o feminismo branco tem marcado o debate sobre “empoderamento” e “igualdade” que privilegia os interesses e experiências das mulheres brancas.

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