Apelidos Para Profissionais de Recreação, Usar ou Não?
Por Roselene Crepaldi (Autor), Gustavo Henrique Hungaro Barbosa (Autor), Tiago Aquino da Costa e Silva (Autor), Alipio Rodrigues Pines Junior (Autor).
Resumo
Nossa proposta de estudo, pretende refletir sobre as seguintes indagações: Pode-se chamar o profissional de lazer e recreação de tio ou tia, ou com apelidos? Essa prática facilita a criação de vínculos nas relações com as crianças, ou pode reforçar a prática de bullying? De que forma? Para tanto, realizaremos uma pesquisa bibliográfica que ouvirá, por meio de entrevistas semiestruturadas, profissionais e crianças sobre a prática de nomear profissionais de recreação e lazer utilizando-se de apelidos ou dos termos “tio e tia”. Pretendemos compreender os pontos positivos e negativos dessa prática tão usual entre os recreadores e realizar uma análise reflexiva sobre o uso de apelidos entre os profissionais da área de lazer e recreação. Um dos pontos de partida da pesquisa, é o livro de Paulo Freire (1997) “Professora sim, tia não” que se contrapõe ao uso corrente dos referidos termos, como forma de manter vínculos de proximidade com as crianças, facilitando assim o diálogo e a comunicação. Para Freire, o uso dos termos “tio ou tia”, reduz a postura profissional, colocando-a sob condição informal, evitando que o profissional seja reconhecido pelo seu empenho, estudos, lutas por melhores condições de trabalho. Ressalta o profissional da educação que exerce profissão de responsabilidade e, que ao ser denominado como “tio ou tia”, remete a rotulação daquele que é sempre o bonzinho, que não sacrifica seus “sobrinhos” com prejuízo do aprendizado. Miranda (2013), e outros autores, no entanto, consideram que o simples ato de utilizar o “tio” ou “tia”, possa ser interessante no ponto de vista lúdico, por aproximar não só afetivamente os profissionais das crianças, como também pode estimular e proporcionar a sensação de segurança para a criança. Incentivar e despertar o interesse infantil é uma ferramenta fundamental como fonte motivacional para a educação da criança. Soraggi (2016) indica também que as crianças que possuem boa relação afetiva são seguras e acabam se interessando mais pelo mundo que as cercam, ajudando a compreender melhor a realidade e facilidade de convívio, melhora da autoestima e melhor desempenho intelectual. Vivemos tempos em que o distanciamento entre as pessoas tem acontecido com muita frequência. A prática do uso de apelidos poderia consolidar os interesses de lazer das crianças, que atualmente estão cada vez mais ocupadas com tarefas e compromissos ditados pelos adultos? O uso de tais termos pode ser compreendido como manifestações culturais? O que dizem os principais interessados? É isso que queremos saber.