Resumo
O déficit de controle postural é impactante em indivíduos com doença de Parkinson (DP), nesse sentido, a aprendizagem de tarefas que o envolvam é fundamental para esses indivíduos. Recentemente, estudos têm mostrado que indivíduos com DP são capazes de aprender tarefas com demanda de controle postural, no entanto, o intervalo de retenção destes estudos é muito curto considerando-se uma doença neurodegenerativa. Outra questão que se coloca é, em aprendendo tarefas de demanda de controle postural, poderia haver diminuição da instabilidade postural, porém ainda não existem evidências concretas para responder esse questionamento. Nesse sentido, o objetivo do presente estudo foi investigar a aprendizagem de tarefas que envolvam demanda de controle postural em ambiente de realidade virtual em indivíduos com DP quando comparados com idosos saudáveis em curto e longo prazo, além de verificar seu impacto na cognição e no controle postural dos mesmos. A amostra foi composta por 28 sujeitos, sendo 14, com DP idiopática no grupo experimental (GE) [64.28±6.35 anos; escala de Hoehn e Yahr modificada = 14.28% dos sujeitos 1; 14.28%, 1.5; 7.14%, 2; 21.42%, 2.5; 42.85%, 3; Montreal Cognitive Assessment (MoCA) = 22.42±3.41; e Mini Balance Evaluation Systems Test (MiniBEStest) = 20.78±6.54]. Foram incluídos também 14 idosos saudáveis no grupo controle (GC) [69.71±5.91 anos; MoCA = 23.64±3.17; e MiniBESTest = 27.35±2.67]. Foram realizadas 13 sessões com duração de uma hora, 2x/semana por sete semanas, no período on da medicação para a reposição dopaminérgica, sendo a primeira considerada pré-teste e a última, pós-teste. A prática consistiu em jogar quatro jogos do sistema Kinect, 5 tentativas por jogo. Foram realizados dois testes de retenção, sendo o primeiro após uma semana e o segundo após um mês. A avaliação da cognição, através da MoCA, e do controle postural, através do MiniBESTest, foi realizada antes, imediatamente após e um mês após a fase de aquisição. Indivíduos com DP foram capazes de aprender tarefas com demanda de controle postural, havendo retenção a curto e longo prazo, apesar do desempenho apresentar-se inferior aos idosos neurologicamente saudáveis. Além disso, aprender as tarefas propostas levou a melhora da cognição, especificamente na memória e nos aspectos reativos do controle postural de idosos e indivíduos com DP, além da melhora da estabilidade de marcha somente dos idosos