Resumo

: O papel da Educação Física (EF) é estabelecido nos programas de ensino, fomentando uma construção dos cidadãos, orientada para competências de movimento, enquadradas pela cooperação e pela competição, pela aceitação do outro e no reconhecimento do trabalho em equipa, entre outros fatores (UNESCO, 2015). Este contexto justifica o estudo da perceção dos alunos sobre as aprendizagens realizadas em EF, que iniciamos neste trabalho sobre o Ensino Primário (EP) em Angola. Objetivos: - Caracterizar a perceção dos alunos do EP sobre as aprendizagens realizadas em EF. - Identificar a correspondência entre as perceções dos alunos e as finalidades dos programas de EF de Angola. Metodologia: Estudo exploratório, com questionário sobre as perceções de aprendizagem dos alunos nas aulas de EF (24 itens, em 5 categorias com base nas finalidades dos programas de EF, escala tipo Likert), de aplicação indireta, em duas escolas da região de Luanda. Participaram 59 alunos de duas escolas, 32 rapazes (54%) e 27 raparigas (46%), com idade média de 11 anos (±1,365), entre os 9 os 14 anos de idade, das 6ª (56%), 5ª (25%) e 4ª classes (19%). Foi solicitada autorização prévia às escolas, com termo de consentimento informado, sendo observados os procedimentos de anonimato e de confidencialidade no registo e tratamento de dados, com estatística descritiva. Resultados: Nas aulas de EF, os alunos e as alunas do EP aprendem a ganhar sem batota (M=4,03; DP=0,830), que todos são importantes (M=3,86; DP=1,008), e a colaborar com os colegas (M=3,78, DP=0,948). Aprendem também a respeitar as regras (M=3,75; DP=0,939), a ajudar sempre os outros (M=3,73, DP=0,962), e que fazer o melhor ajuda a ganhar os jogos (M=3,86, DP=1,041). Os dados revelam igualmente perceções sobre a higiene individual e sobre a educação para com os outros, sendo as competências relativas às habilidades do movimento e das competências desportivas menos destacadas. Conclusões: Verifica-se uma maior concordância nas perceções relativamente à componente social das aprendizagens em EF e em relação ao controlo de si, o que parece aproximar-se em parte das finalidades da EF estabelecidas pelo Estado Angolano, e merece exploração posterior dado o número reduzido de participantes nesta fase.