Resumo
Não há dúvidas sobre o lugar de destaque que o futebol ocupa no mundo contemporâneo, mobilizando profissionalmente, nos cinco continentes, dezenas de milhões de pessoas e, emocionalmente, várias centenas de milhões de indivíduos. Os árbitros são parte desse universo do futebol. Esses profissionais exercem um papel fundamental dentro do campo de jogo, pois suas decisões podem definir uma partida e, até mesmo, um campeonato. Arbitrar é uma tarefa complexa que requer um conhecimento exaustivo das regras do jogo, uma excelente preparação física e habilidades psicológicas para enfrentar com êxito os treinamentos e as competições. As demandas psicológicas e fisiológicas que estão associados aos treinamentos, competições e organização social do esporte mostram que o desempenho é um fenômeno complexo afetado por fatores inerentes às diferentes modalidades e por fatores ambientais. O objetivo do presente estudo foi compreender quais são os fatores que, na percepção dos árbitros brasileiros pertencentes à elite do futebol mundial, estão associados à sua participação inicial, permanência e disposição para o abandono da atividade de arbitrar e avaliar o significado atribuído ao arbitrar. Foi uma amostra do tipo intencional composta por 24 árbitros brasileiros, sendo 17 árbitros pertencentes ao quadro de árbitros da FIFA do ano de 2011 (10 árbitros centrais e 07 árbitros assistentes) e 07 aspirantes ao quadro. Os árbitros foram avaliados por meio de um questionário composto por 06 perguntas que permitiram respostas abertas. A análise dos discursos foi feita de acordo com os procedimentos recomendados por Miles e Huberman (2004). Os resultados mostram que os árbitros de elite do Brasil têm como principais fatores de início os sentimentos pela arbitragem e pelo futebol, sendo o amor e a paixão os propulsores do engajamento na carreira de árbitros. Quanto a permanência na atividade, da mesma forma como no início, as emoções pela arbitragem e pelo futebol continuam a motivá-los, porém, os árbitros assistentes atribuem a possibilidade de alcançarem metas traçadas como principal motivo para continuarem na arbitragem. Em relação ao abandono, apenas 06 participantes pensaram em algum momento abandonar a carreira, sendo lesões, injustiças e dificuldades os principais motivos para a disposição para o abandono. Por meio dos resultados obtidos é possível concluir que os árbitros brasileiros de futebol profissional são altamente motivados e sentem prazer e paixão pela arbitragem, o labor arbitral parece ter um significado especial para a maioria e se constitui no aspecto central da identidade do árbitro de tal forma que o arbitrar é mais do que uma profissão, mas uma parte de quem o árbitro é independente de ser árbitro central, assistente ou aspirante.