Resumo

Esta dissertação se propôs a investigar o modo de agir dos alunos do Ensino Fundamental de uma escola pública, em jogos tradicionais/populares nas aulas de educação física. Em face de ser um estudo que trata o jogo por uma ótica diferente na sua vivência, em detrimento ao jogar pelo jogar, privilegiamos o jogo como facilitador de aprendizagens a partir da sua lógica interna de funcionamento ao modo existencial de agir dos jogadores, desdobrando em possíveis avanços cognitivos. Dessa forma, temos a seguinte questão-problema: Quais as aprendizagens interativas e cognitivas que ocorrem nos jogos tradicionais/populares de cooperação-oposição vividos nas aulas de Educação Física escolar? Tendo em vista a relevância da temática, revelamos nosso objetivo geral que consistiu em analisar as aprendizagens interativas e cognitivas nos jogos tradicionais/populares vividos pelos alunos nas aulas de educação física. A pesquisa se caracteriza como direta, de caráter descritivo e analítico com abordagem qualitativa dos dados, na perspectiva etnográfica e participante. Os sujeitos da pesquisa foram doze alunos do 7º ANO matriculados e com frequência regular nas aulas de Educação Física na Escola Municipal Augusto dos Anjos, localizada no bairro do Cristo Redentor, na cidade de João Pessoa, Paraíba. Os instrumentos utilizados para a coleta dos dados foram: diário de campo e os planos de imagem, subsidiados pelas técnicas da observação participante e grupo dialogal. Analisamos o jogo Baleado e BarraBandeira embasados pela Praxiologia Motriz (Parlebas, 2008; 2001; 1999), Analítica-Existencial do Movimento (Gomes-da-Silva, 2012; 2011; 2001) e a Assimilação Recíproca (Piaget, 1994; 1990; 1977). Identificamos vários ajustamentos nas tomadas de decisão dos jogadores diante das principais ações nos jogos: a passagem e o arremesso, mediados pelas relações com os demais jogadores, espaços e objetos, gerando novas aprendizagens nas relações de cooperação-oposição, na minimização do modo indiferente para o primordial, assim como na transição de condutas automáticas para ativas, ou seja, menos repetitivas e mais inventivas. Concluímos que as aprendizagens nos jogos tradicionais/populares partem das relações com os outros humanos e não humanos, nessas trocas inesgotáveis de gestos, táticas, envolvimentos e percepções constantes que, partindo de uma lógica interna de funcionamento, podem-se ganhar novas decisões inteligentes, mais reflexivas, desdobrando em novas práticas de linguagem e significações existenciais nos jogos vividos nas aulas de Educação Física.

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