Resumo

Ao ensinar, não se repassam somente conhecimentos formais, repassa-se algo de si: sua identidade e valores ficam impregnadas, marcada em todo o trabalho realizado. De tal premissa emerge o objetivo deste estudo: identificar as competências contempladas na organização curricular da formação do professor de Educação Física da Universidade Federal de Santa Catarina com um olhar sobre a dimensão atitudinal. A investigação caracterizou-se como estudo de caso, aplicado quanto a sua natureza que se sustentou nas abordagens quantitativa e qualitativa. Compreendeu um estudo descritivo exploratório quanto aos seus objetivos que foram sistematizados em duas categorias: conhecendo as competências na estrutura curricular e desvelando as atitudes na formação. Os dados foram coletados na análise documental de trinta planos de ensino e do Projeto de Reformulação do curso que originou a construção e a aplicação de questionário a vinte e três professores sobre as dimensões orientadoras da intervenção pedagógica agrupados em eixos curriculares do curso. Da amostra estratificada foram selecionados dez professores para entrevista que, juntamente com os dados coletados de um grupo focal com seis estudantes formandos, forneceram informações sobre a presença e desenvolvimento de atitudes no processo de ensino. De posse das informações partiu-se para a análise de conteúdo triangulando os dados. Os achados evidenciaram o predomínio do conhecimento conceitual na dimensão do conteúdo e da orientação acadêmica na formação inicial. Os objetivos almejados para o curso se sustentam naqueles vinculados à habilidade, e nas competências preponderam aquelas relacionadas ao conhecimento. Além disso, constatou-se uma desarmonia entre as intenções projetadas e o plano efetivado. No que se refere às atitudes presentes e fomentadas no fazer pedagógico, reconheceu-se a sua importância e influência. Enquanto as atitudes refletidas e tidas como referências concentraram-se pela via da afetividade por parte dos professores formadores, os estudantes priorizaram aquelas ligadas ao componente comportamental. Admitiu-se 12 a repercussão das atitudes e os professores foram considerados sempre modelos. Foi unânime o reconhecimento de interferência das atitudes ligadas aos fatores emocionais no processo de ensino-aprendizagem. Os limites para a formação/transformação das atitudes concentraram-se nas deficitárias condições pedagógicas e no desinteresse participativo dos professores. Conclui-se que a atitude é o atributo valorativo que determina a competência em busca de um saber fazer bem. Diante da complexidade do tema, as futuras investigações nesta área necessitam aprofundar ainda mais o papel desempenhado pelas competências atitudinais na formação do professor.

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