Resumo

Introdução: O Jogar futebol é atravessado pelas experiências de quem joga, possibilitando a existência de diferentes formas de se engajar com a prática e produzindo sentidos diversos, que podem ser influenciados por questões culturais, contextuais e sociais, como as de gênero. Objetivo: compreender os sentidos construídos por meninas participantes de um espaço de ensino de futebol. Metodologia: Essa etnografia teve como foco meninas entre 6 e 12 anos, participantes de duas turmas de uma escolinha de futebol em Vitória/ES. Esta foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa. Resultados: As aulas eram organizadas de forma tradicional, próximas ao modelo analítico-sintético e divididas em dois momentos: treinamento dos fundamentos e jogo formal, ou “coletivo”. Para as garotas, o “coletivo” se mostrava significativo, a parte mais divertida do treino, sinalizando a importância dos jogos para o engajamento e ensino. Por outro lado, o momento dos fundamentos era considerado como parte não tão importante do treino, os quais elas enfrentavam criando novos sentidos. Os fundamentos eram exercitados em filas e a partir de repetições, momentos que elas recriavam fruindo de outros saberes advindos da dança e da ginástica, além de servirem-se deste espaço para conversar. Esses eram recebidos por elas com certa ambiguidade: produziam espaços “seguros” de contato com a bola, menos imprevisibilidade e exercícios de baixa pressão; mas não se conectavam ao jogo, desmotivando e não produzindo saberes significativos. Além disso, as filas geravam um alto nível de exposição ao erro e contatos restritos com a bola. Esse modelo corroborou também para que as meninas com menos experiência “figurassem” nos jogos, dando maior palco àquelas mais experientes, uma vez que os saberes técnicos dos treinos não as ajudavam na hora do jogo. Conclusão: Destacamos a importância de compreender os sentidos produzidos por uma determinada forma de ensino dos esportes para quem joga. 

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