Resumo


O termo prática corporal vem sendo utilizado de maneira frequente, tanto no âmbito das pesquisas acadêmicas, quanto nos documentos oficiais no campo da Saúde, fazendo-se presente, inclusive, em revistas comerciais de grande circulação nacional. Introduzidas no campo da Saúde, a ideia é de que essas práticas compreendem sistemas, posturas e movimentos somáticos integrados que podem desenvolver a energia e funcionamento do corpo enquanto todo unificado. Os significados que as pessoas lhes atribuem em relação às suas vivências são, frequentemente, relacionados à ludicidade e à organização cultural. Além disso, esse termo difere conceitualmente da tradicional definição de atividade física e de exercício físico, uma vez que as práticas corporais parecem representar as manifestações da cultura de determinado grupo. As questões relacionadas ao esforço, ao gasto energético e às vantagens objetivas em relação ao controle e tratamento de doenças, e da melhora da aptidão física, objetivos típicos da atividade física e do exercício, parecem ficar em segundo plano quando o termo é adotado. Será que essa possível oposição conceitual entre o termo prática corporal e os termos atividade física/exercício físico poderia sinalizar para um posicionamento crítico acerca dos usos tradicionais das indicações de atividade física e exercício físico, propondo que as práticas corporais poderiam ser alternativas para sua indicação? Ou esse uso propõe apenas uma ampliação das possibilidades de atividades a serem indicadas? Diante disso, o objetivo deste trabalho foi realizar uma reflexão crítica sobre o sentido e significado das práticas corporais explicitados nos documentos oficiais publicados como subsídios para a atenção em Saúde no Sistema Único de Saúde (SUS). No presente estudo, nos propomos a analisar documentos publicados pelo Ministério da Saúde que se relacionam à temática das práticas corporais. Para tal, buscamos entender o sentido e o significado da comunicação presente naqueles documentos guiados pela análise de conteúdo do tipo representacional. Os documentos analisados foram obtidos por meio digital (internet). A aplicação da análise de conteúdo desses documentos se deu em três etapas: pré-análise, exploração do material e tratamento dos resultados (inferência e a interpretação). Os achados referentes à análise dos documentos demostraram que o corpo que interagirá nas práticas corporais é o corpo cultural, repleto de símbolos e signos e que essa visão se relaciona a diversos aspectos caros à antropologia. Identificou-se, também, que o uso do termo aponta para a necessidade de superação da ação prescritora e amparada na perspectiva biomédica em Saúde do profissional que lidará com as práticas corporais no SUS
 

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