Resumo
O presente estudo vem tratar das proposições teórico-metodológicas das décadas de 1980 e 1990 apresentadas à comunidade acadêmico-profissional da Educação Física que poderiam fundamentar uma melhoria das práticas pedagógicas dessa disciplina na Escola à época. Essas proposições são ainda hoje muito significativas na área, visto sua presença em concursos públicos e nos cursos de formação de professores. O objetivo desta pesquisa é realizar uma re-avaliação crítica destas proposições teórico-metodológicas para a Educação Física Escolar elaboradas no Brasil nas décadas de 1980 e 1990, a partir do ponto de vista de seus autores. Realizou-se, inicialmente, uma revisão da literatura referente às proposições “construtivista-interacionista” (FREIRE, 1989), “crítico-superadora” (SOARES et alii, 1992), “crítico-emancipatória” (KUNZ, 1991, 1994) e “cultural” (DAOLIO, 1993, 1995). Os depoimentos dos autores foram coletados mediante entrevista presencial caracterizada como semi-estruturada e foram ouvidos com relação aos seguintes tópicos: (a) Contexto de elaboração da proposição e fundamentos teóricos que a subsidiaram; (b) Repercussão e implementação, nas práticas pedagógicas escolares, das proposições teórico-metodológicas; (c) Avaliação atual da proposição: ainda as consideram atuais? Fariam alguma revisão/ atualização? Alguns autores entendem que suas proposições teórico-metodológicas foram pouco implementadas, ou implementadas de uma maneira diferente da que esperavam. No contexto de elaboração das proposições os autores não imaginavam a repercussão que estas teriam na prática, mas nenhum declarou não reconhecer sua proposta sendo aplicada. Mesmo que de maneira mais lenta, ou de modo diferente de suas expectativas, muitos consideram que as repercussões para a Educação Física foram importantes. As proposições, segundo os autores, precisam de uma revisão, de uma atualização, mas não no sentido apenas de verificar sua “implantação” e repercussão, e sim de uma reformulação baseada nas mudanças ocorridas desde a época em que foi elaborada até hoje, desde as transformações sociais e políticas, na legislação, e no próprio contexto escolar que o professor se depara ao ingressar no campo de trabalho.