As Reverberações da Obra Febre de Bola (1992), de Nick Hornby
Por Natasha Santos Lise (Autor).
Em XV Congresso de História do Esporte, Lazer e Educação Física - CHELEF
Resumo
A célebre obra de Nick Hornby, Febre de Bola, corresponde a sua autobiografia, publicada em 1992. Tal produção, embora se refira ao primeiro texto literário de Hornby, foi o que o tornou o autor conhecido, muito possivelmente, devido ao significado desta publicação, considerando-se o contexto de profundas mudanças pelas quais passava o futebol inglês (KING, 2002; LISE, 2018). Nesse sentido, com base nos apontamentos de Antonio Candido (2014), reiterando uma perspectiva de análise de Raymond Williams (2011, 2014), é possível destacar três elementos para a compreensão do texto literário: a posição do artista, a configuração da obra e o público. O objetivo da presente proposta consiste em abordar a recepção de Febre de Bola (1992), analisando as reverberações da obra em questão, a partir do público leitor. Para tanto, a fim de identificar possíveis ressignificações do texto autobiográfico, optou-se tomar por base os jornais, sobretudo ingleses, entre os anos de 1992 e 94, com o intuito de identificar as reconstruções da referida obra, bem como tratar de uma possível reverberação, do ponto de vista social. No caso de Nick Hornby, em particular, buscou-se apreender o que os leitores instituídos tinham a dizer sobre a obra, já que se parte da hipótese de que foi este público que auxiliou no sucesso da autobiografia. A partir de Febre de Bola, há um relativo abandono da temática hooligan. Relativo, porque as temáticas que ganham força a partir de 1992 se direcionam à perspectiva afetiva do futebol, estando alheias ao hooliganismo, mas, ao mesmo tempo, parecem ser motivadas por tais desregramentos, no sentido de reafirmar a distância destes. Esta literatura nostálgica, que parece ser inaugurada por Hornby, ganha força com outros autores, como Tom Watt (1993), Ian Hamilton (1994), Jim White (1994) e Simon Kuper (1994). Nesse sentido, embora seja questionável a elevação de Febre de Bola como a maior obra literária de futebol, na medida em que tornou o esporte um assunto da escrita “séria”, pode-se dizer que Nick Hornby contribuiu, sim, para o surgimento de mais produções britânicas sobre o esporte.