Resumo

A imagem corporal é a representação mental do corpo existencial, ou da identidade corporal, se preferirem. É singular, pautada na realidade corporal e nos significados de experiências vividas. A representação mental do corpo não é estática; antes, a imagem corporal é tanto uma estrutura quanto um processo. Esse dinamismo relaciona-se com o desenvolvimento da imagem corporal. Nesta perspectiva, é pertinente considerar que as experiências corporais que emergem durante a prática de atividade física e esporte são particularmente importantes para promover a conexão do indivíduo com sua realidade corporal. Metanálises concluíram que a prática regular de exercício com sessões de duas - cinco vezes por semana, com sessões de 45 a 75 minutos em intensidade por volta de 70% da frequência cardíaca máxima, parece ter efeitos sobre a Imagem Corporal. Esses efeitos, podem ser positivos ou negativos e independem do tipo de exercício. A atividade física e o esporte podem ser um meio para a integração da imagem corporal, na medida em que permite ao sujeito encontrar lugares de afeto, de novas vivências corporais que oferecem oportunidades de reconstruir a identidade, apesar das lacunas. A fim de alcançar este intento, devem permitir uma experiência direta do “eu” corporal e do afeto, sem culpa. Por outro lado, a repetição do movimento e a busca pela excelência esportiva podem encobrir uma imensa fragilidade na estrutura da identidade do sujeito, assim como a compulsão por essa excelência pode contribuir para a cessação do dinamismo da imagem corporal. A repetição obsessiva obstrui o desejo em busca do novo, da mudança. Essa linguagem pode ser considerada um recurso de defesa contra a ameaça de desconstrução do corpo, cujo preço é a anulação do seu dinamismo. O técnico de esporte, o professor de educação física que desejam favorecer o desenvolvimento da imagem corporal, deve ter desenvolvida sua capacidade de ouvir o outro, de estabelecer distancias de relação. Deve ter sua imagem corporal bem desenvolvida, já tendo lidado com suas perdas, reconhecendo-se sujeito com potencialidades e limitações. Dessa forma, conseguirá oferecer o espaço seguro para o outro identificar-se como sujeito a partir do ouvir empático.

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