Resumo

O esporte pode ser considerado um fenômeno amplo e multidimensional, principalmente por englobar aspectos biológicos, psicológicos e sociais, o que remete a necessidade de um olhar mais integrador em seu contexto. Nesse sentido, o planejamento de qualquer modalidade esportiva deveria levar em conta a maturação e os diferentes estágios de desenvolvimento da carreira esportiva (Iniciação, Formação Atlética e Especialização), para posteriormente planejar estratégias psicopedagógicas adequadas a cada um desses estágios. No estágio de Iniciação (6 a 10 anos), os programas de treinamento esportivo deveriam ser de baixa intensidade, privilegiando o desenvolvimento atlético geral, por meio de habilidades esportivas fundamentais e multilaterais como: corridas, saltos, recepção, arremesso, rebater, equilibrar e rolar, buscando gerar prazer, divertimento, alegria, coesão social e cooperação. Na Formação Atlética (11 a 14 anos) poderá ser elevada moderadamente a intensidade, porém, a ênfase deve estar no desenvolvimento das habilidades e capacidades motoras, com introdução às bases fundamentais da tática e de habilidades mais complexas, visando o desenvolvimento de atributos psicológicos como motivação intrínseca, autoconfiança e manejo da ansiedade. Na Especialização (15 a 18 anos) poderão ser empregadas grandes cargas de treinamento e competição, buscando o desenvolvimento das capacidades motoras dominantes para o esporte, o que levará os atletas a aumentar sua tolerância ao estresse, criar mecanismos de coping e estratégias que possibilitem o aumento da concentração e controle emocional. Já em relação ao emprego de aspectos psicopedagógicos nos diferentes estágios de desenvolvimento atlético deveriam ser consideradas como peças-chave a motivação e a complexidade da prática esportiva. Em relação a motivação, o emprego de estratégias pedagógicas que fomentem as necessidades psicológicas de autonomia, competência e relação social permitirão o aumento dos níveis de motivação (tanto em quantidade como em qualidade), maior comprometimento, intenção de prática e desenvolvimento pessoal e atlético, reduzindo o estresse agudo e crônico e o abandono precoce do esporte. Também é fundamental que os exercícios/atividades considerem a perspectiva ecológica e dinâmica do esporte, contemplando seu caráter integrador, interdependente, global e imprevisível, promovendo processos de auto-organização, com equilíbrio entre ordem e desordem, mas, que de alguma forma privilegiem o desenvolvimento da competência atlética.

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