Resumo

Com o objetivo de analisar a associação entre os fatores parentais e o nível de atividade física (AF) em crianças pré-escolares, foi realizado um estudo transversal, de base escolar, com uma amostra de 1.042 crianças em idade pré-escolar da cidade do Recife (PE), as quais foram avaliadas em 2010 como parte da avaliação inicial (baseline) do projeto ELOS-Pré (Estudo Longitudinal de Saúde e Bem-estar de Crianças em Idade Pré-escolar). Com a finalidade de coletar informações dessa população, os pais responderam a um questionário para obtenção de dados demográficos, socioeconômicos e comportamentais. Além disso, foi coletada uma subamostra composta por 172 crianças que foram monitoradas por acelerômetros, durante sete dias consecutivos, para obtenção da medida objetiva das suas atividades. Nesse sentido, buscando responder a primeira pergunta de pesquisa, foram analisados os seguintes fatores parentais: percepção do valor que os pais atribuem à prática da AF realizada pelos filhos; participação em AF com o filho; e o nível de AF dos pais. Já para responder a segunda pergunta de pesquisa, foram analisados os fatores parentais maternos como o etilismo, o tabagismo, a percepção de saúde, o nível de AF, a participação em AF com o filho e o índice de massa corporal (IMC). Para o primeiro estudo, o qual foi de associação, foi utilizado como variável dependente o escore discretizado do tempo diário despendido em jogos e brincadeiras ao ar livre numa semana típica das crianças. O estudo de correlação foi realizado mediante três variáveis dependentes do nível de AF dos pré-escolares: o percentual do tempo diário despendido em AF de intensidade moderada a vigorosa (medida da acelerometria); o tempo diário em minutos despendido em jogos e brincadeiras ao ar livre e o escore expressando o tempo diário despendido em jogos e brincadeiras ao ar livre (medidas referidas pelos pais). Considerando o escore discretizado do tempo diário despendido em jogos e brincadeiras ao ar livre na amostra de 1.042 crianças, 30,3% (IC95%:27,6-33,2) dos pré-escolares encontravam-se expostos a baixos níveis de AF (quartil inferior dos escores para nível de AF habitual). Os resultados demonstraram, também, uma alta proporção de pais que praticavam AF moderadas ou vigorosas (81,9%; IC95%:79,4-84,1). O estudo de associação demonstrou que dentre os fatores parentais investigados, a participação em AF com os filhos foi identificado como fator inversamente associado ao baixo nível de AF na infância (OR= 0,86; IC95%: 0,39-0,69; p<0,01). No estudo de correlação, os fatores parentais que se correlacionaram com a medida objetiva por acelerômetros foram o tabagismo materno (?=-0,75; p=0,05) e o IMC materno (?=0,217; p=0,01). As medidas obtidas pelo relato dos pais correlacionaram-se com a idade materna (?=-0,296; p<0,01), a renda dos pais (?=-0,182; p=0,03) e o IMC materno (?=-0,163; p=0,05). A participação dos pais em AF realizadas pelos filhos parece ser uma estratégia efetiva para promoção da AF infantil, aspecto que precisará ser confirmado em estudos de intervenção subsequentes. No entanto, a utilização de diferentes métodos para avaliação dos níveis de AF em pré-escolares pode levar a inclusão ou exclusão de determinados fatores parentais que podem fazer parte da cadeia causal deste comportamento. 

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