Resumo
Estudos sugerem que o córtex cerebral é ativo durante o andar, principalmente em idosos com doença de Parkinson (DP). Embora os recentes avanços científicos mostrem alterações na atividade cortical durante o andar de idosos com DP, algumas lacunas ainda permanecem, como quais são os efeitos de diferentes terapias (medicamentosa e exercício físico) na atividade cortical e no andar de idosos com DP e se há diferença entre os subtipos da DP. Para investigar estas lacunas, três estudos foram desenvolvidos. O Estudo #1 teve como objetivo investigar o efeito da terapia medicamentosa na atividade cortical durante o andar usual e adaptativo em idosos com DP. Vinte e três idosos com DP foram avaliados no estado “OFF” (no mínimo 12 horas após a última ingestão do medicamento) e “ON” (aproximadamente 1h após a última dose do medicamento) da medicação específica da DP. O Estudo #2 comparou a atividade cortical durante o andar de acordo com os subtipos da DP (Tremor Dominante - TD, n=19; Instabilidade Postural/Dificuldades no Andar - IPDA, n=17). O Estudo #3 teve como objetivo analisar o efeito de uma sessão de exercício aeróbio na atividade cortical durante o andar de idosos com DP. Trinta e quatro idosos com DP foram distribuídos em dois grupos: grupo experimental e grupo controle. A mesma avaliação do andar foi aplicada nos três estudos. Os participantes andaram em um circuito de 26,8 m de comprimento, em duas condições: (i) andar usual e (ii) andar adaptativo – com ultrapassagem de obstáculos. Cinco tentativas para cada condição experimental foram realizadas. Cada tentativa teve duração de 60 segundos. Um carpete com sensores de pressão foi utilizado para o registro dos parâmetros do andar. Os sistemas portáteis de eletroencefalografia e espectroscopia funcional de luz próxima ao infravermelho foram posicionados na cabeça do participante para registro da atividade cortical. No Estudo #3, o grupo experimental realizou uma sessão aguda de exercício físico aeróbio, em bicicleta ergométrica, com duração de 40 min e intensidade entre 65 e 70% da frequência cardíaca (FC) máxima. O grupo controle também realizou o exercício em bicicleta, porém, a FC durante os 40 min foi mantida dentro de 5% da FC de repouso. A análise do andar e da atividade cortical dos idosos foram realizadas nos momentos Pré e Pós-exercício. O Estudo #1 demonstrou que o medicamento dopaminérgico facilitou o recrutamento de áreas cognitivas adicionais durante tarefas mais desafiadoras, como ultrapassar obstáculos. Ainda, além de melhorar o andar, a ingestão de medicamento também melhorou a integração sensório-motora durante o andar. O Estudo #2 indicou que os idosos do subtipo IPDA necessitaram de maior recrutamento do córtex pré-frontal para andar e que os idosos do subtipo TD apresentaram mudanças na atividade dos córtices motor e sensório-motor durante a ultrapassagem de obstáculos. O Estudo #3 demonstrou que o exercício aeróbio não alterou a atividade do córtex pré-frontal e o desempenho do andar. Contudo, os parâmetros eletrocorticais foram alterados pelo exercício, aumentando a banda alfa nos canais FCz, Cz e CPz, o que pode indicar estado de fadiga e menor atividade cortical durante o andar. Sendo assim, a conclusão desta tese é que fatores como medicamento, subtipo da DP e exercício aeróbio influenciam a atividade cortical durante o andar de idosos com DP. Portanto, futuros estudos devem considerar estes fatores para ter um melhor entendimento dos comprometimentos da DP.