Resumo

O presente estudo teve o objetivo de delinear pelo corte transversal a análise das variáveis de estilo de vida, nível de atividade e aptidão física de adolescentes residentes em duas regiões do Estado de São Paulo, em duas regiões distintas: uma na região metropolitana da cidade de São Paulo (Município de Santo André) e a outra cidade localizada em área do interior (São Bento do Sapucaí). Comparamos o estilo de vida, nível de atividade física e de aptidão física de adolescentes residentes nas duas regiões em 1997 e 2007, bem como o nível de atividade física, aptidão física e fatores psicosocioculturais (fatores determinantes) nos adolescentes residentes na mesma cidade em 1997 e 2007. Analisamos a relação do nível de atividade física e os fatores socioculturais e biológicos de adolescentes de ambos os sexos no corte amostral de 2007 (regressão multivariada - Modelo Hierárquico). Avaliamos 484 adolescentes de ambos os sexos residentes nas duas regiões e períodos. A avaliação dos indicadores psicosocioculturais foi realizada pelo Questionário de Atividade Física e Estilo de Vida proposto por Figueira Junior e Rocha Ferreira (2000), com questões das características da moradia, prática de atividade física na escola, prática de atividade física fora da escola, nível de atividade física e hábitos da vida. A avaliação da aptidão física seguiu protocolo de Matsudo,V (2005) das medidas antropométricas: peso corporal (kg) e estatura (m); metabólica pela potência aeróbica-teste de consumo de oxigênio (corrida de 12 minutos); neuromotores: força muscular de membros inferiores-impulsão vertical sem (cm) e com auxílio (cm) dos braços, impulsão horizontal (cm), força de tronco-teste abdominal (rep/min) e agilidade-teste de shuttle-run (s). Utilizamos a estatística descritiva, teste t de Student; teste de Mann-Whitney para a análise não paramétrica, teste do qui-quadrado (χ 2 ) para a tendência linear e teste Exato de Fisher. A análise do Modelo Hierárquico utilizou a regressão multivariada de Poisson com IC-95%. Resultados comparativos entre os períodos de avaliação em cada região, indicaram mudança (p<0,05) na estatura dos adolescentes (1997-2007) e no peso em Santo André (masculino). O comportamento da força muscular mostrou incremento nos adolescentes das duas regiões e sexos. A mesma tendência foi encontrada para a agilidade e força de tronco. O valor do consumo de oxigênio aumentou (1997-2007) nos dois grupos. A análise por sexo mostrou que as meninas não apresentaram mudança significativa, exceto nas adolescentes de São Bento do Sapucaí que aumentou. A prevalência de adolescentes ativos aumentou em 2007 comparado com 1997 nas duas regiões e sexos. A caminhada como forma de deslocamento parece contribuir significativamente. As barreiras da atividade física mostraram maior prevalência em Santo André que São Bento do Sapucaí em 2007 que 1997, o que explicaria o nível de atividade física. A preocupação com o aspecto físico, falta de estímulo dos pais e local para a prática de atividade física foram às barreiras mais citadas. A análise de regressão multivariada mostrou que a participação nas aulas de educação física, maior número de irmãos, caminhar ou pedalar para a escola são fatores de proteção para a inatividade física nas duas regiões. Podemos concluir que o intervalo de 10 anos de avaliação em duas regiões promoveu impacto diferente no comportamento de adolescentes ambos os sexos.

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