Integra

INTRODUÇÃO:

Ao detectarmos que das 44 escolas públicas municipais de Santo André, Região do Grande ABC de São Paulo, as quais atendem crianças matriculadas nas séries da fase inicial do Ensino Fundamental (1ª a 4ª série), apenas 10 tinham professor especialista em Educação Física, ou seja, docente graduado nessa área, buscamos investigar se nessas escolas municipais aconteciam aulas dessa natureza. Identificamos que nas demais 34 escolas era o próprio professor regente da sala, denominado de polivalente, quem se responsabilizava por desenvolver os conteúdos específicos da Educação Física. Esse fato gerou-nos alguns questionamentos que nos levaram a pesquisar, por meio de métodos científicos, como se davam essas aulas ministradas pelos professores polivalentes. Assim, a intenção do estudo, de abordagem qualitativa, do tipo descritivo, foi verificar como eram organizadas as aulas de Educação Física nas séries da fase inicial do Ensino Fundamental, das escolas públicas municipais de Santo André, descritas a partir da visão dos professores polivalentes, expressada nas respostas dadas às perguntas geradoras desta pesquisa.


 METODOLOGIA:

Num primeiro momento, realizou-se um contato com a Secretaria Municipal de Educação de Santo André, verificando a disponibilidade do encaminhamento de questionários para que os próprios professores pudessem revelar os seus pensamentos. O estudo contou com a participação de 28 escolas e 143 professores polivalentes, que responderam a perguntas fechadas e abertas, analisadas com base nos estudos de Bardin (2007), análise de conteúdo. A partir da compreensão de elementos que envolvem o desenvolvimento de aulas Educação Física no Ensino Fundamental, interpretamos as Unidades de Registro levantadas nas respostas dos sujeitos de pesquisa e constituímos as Unidades de Contexto, culminando no desvelamento de diversas categorias que interferem, direta ou indiretamente, na organização das aulas de Educação Física. Tendo como pano de fundo os estudos específicos sobre as características físicas, cognitivas e sócio-afetivas das crianças na fase dos seis aos dez anos de idade, identificamos as necessidades e interesses dessas crianças, em relação às propostas sugeridas em aulas de Educação Física escolar, justificando a importância da vivência de atividades adequadas e coerentes com essa faixa etária e, conseqüentemente, com o nível de aprendizagem dos educandos.

RESULTADOS:

Discutimos as questões voltadas à atuação dos professores polivalentes como professores de Educação Física, apresentando as dificuldades que enfrentam e as conseqüências disso, já que não foram preparados para essa função. Entre elas destacamos: a falta de conhecimentos teóricos e práticos, bem como de idéias para diversificar as atividades e melhor atender aos alunos; o medo das crianças se machucarem; e o não conhecimento da forma como se deve trabalhar com crianças com necessidades especiais. Essas dificuldades têm forte relação com o fato de alguns docentes terem apontado que as aulas de Educação Física, simplesmente, não ocorrem em suas escolas. Além disso, muitos professores relataram que, freqüentemente, "apenas deixam" as crianças brincando livremente, não existindo nenhum tipo de sistematização ou preocupação com as atividades a serem propostas, já que os docentes apenas assistem as atividades realizadas pelos alunos, sem realizar nenhum tipo de intervenção.


CONCLUSÕES:

Ficou muito claro que os professores polivalentes identificam e valorizam a importância da presença de um professor especialista em Educação Física na escola, mas isso não se dá por entenderem que esse componente curricular seja importante na formação da criança, mas por não precisarem mais assumir a responsabilidade pelo desenvolvimento dessas aulas. Entendemos que a realidade encontrada é tanto de responsabilidade do Sistema educacional que não promove capacitações e maneiras de instrumentalizar os professores polivalentes, já que atribuíram a eles essa função sabendo que não foram preparados para tal, como também dos próprios professores polivalentes que não buscam informações e alternativas para aperfeiçoarem suas aulas. Assim, podemos dizer que a contratação de professores de Educação Física para a rede municipal, minimizaria esses problemas, desde que os professores estivessem, de fato, comprometidos com suas aulas e com seus alunos.