Avaliação em Educação Física: práticas experimentadas pelos alunos no ensino secundário português
Por Paulo Renato Bernardes Nobre (Autor), : Miguel Ângelo Sousa Fachada (Autor), Domingues Coelho (Autor).
Em XIX Congresso de Ciências do Desporto e de Educação Física dos Países de Língua Portuguesa
Resumo
A avaliação das aprendizagens é um elemento do currículo determinante para a concretização das finalidades da Educação Física (EF). A literatura evidencia a necessidade de estratégias de avaliação alinhadas com um referencial (Chróinín & Cosgrave, 2013), problemas nos critérios utilizados, a necessidade de alteração da mentalidade avaliativa (Moura et al, 2021), o que sustenta, além dos professores, o estudo da perceção dos alunos sobre as práticas de avaliação em Educação Física. Objetivos: Caracterizar a perceção dos alunos no final do ensino secundário sobre as práticas de avaliação das aprendizagens em EF. Metodologia: Estudo exploratório, com questionário de aplicação direta - 20 itens categorizados (objeto, propósito, referencial, participação); escala de frequência de 4 pontos. Participaram 194 estudantes do 1º ano de licenciatura, 145 rapazes (75%) e 49 raparigas (25%), com idade média de 19 anos (±0,890). Foram respeitados os procedimentos de privacidade e proteção de dados (RGPD). Operou-se análise estatística inferencial com testes de independência entre variáveis. Resultados: A avaliação dos alunos incide sobre o comportamento e o seu esforço (M=3,4; DP=,652), em atividades de avaliação iguais para todos os alunos. Avaliar colegas permite a melhoria (M=2,75; DP=,895) e possibilita, a quem avalia, perceber o que fazer. A participação dos alunos faz-se maioritariamente na autoavaliação, no final do período ou da matéria, dizendo a nota que merecem (M=3,6; DP=,592), com base em critérios fornecidos pelo professor (M=3,71; DP=,865). O sexo feminino revela uma perceção de menor frequência das práticas avaliativas. Na categoria Participação, o teste de independência do qui-quadrado revelou uma associação entre o sexo e a perceção da avaliação como atividade apenas dos professores (Χ2(3) = 8.516, p = .036). Na categoria Referencial, o teste revelou uma associação entre o sexo e a perceção sobre a discussão dos critérios (Χ2(3) = 10.711, p = .013). Conclusões: As práticas percecionadas indiciam lacunas na ação avaliativa, no que se refere à mobilização de referenciais e à participação dos alunos no processo. As diferenças de perceções apresentadas, associadas ao sexo dos inquiridos, renovam o interesse na investigação sobre a forma como os alunos vivenciam a avaliação nas aulas de EF.