Avaliação do Estado de Hidratação em Atletas de Voleibol de Praia em Fortaleza
Por Adriana Rocha Arruda (Autor).
Integra
INTRODUÇÃO:
A água do corpo humano corresponde a aproximadamente 73% do peso corporal total e encontra-se distribuída dentro e fora das células. No repouso, 30 a 35% do total de massa corporal é fluido intracelular, 20 a 25% é fluido intersticial e 5% é plasma. O movimento da água entre os compartimentos é devido à pressão hidrostática e o gradiente osmótico. Como o suor é hipotônico em relação à água do corpo, o aumento da tonicidade extracelular resulta na saída da água do meio intracelular (menos concentrado) para o meio extracelular (mais concentrado) causando uma diminuição de água nos compartimentos, podendo levar a desidratação, principalmente no músculo e pele. A desidratação resulta da deficiência na reposição adequada de fluidos durante o exercício, que pode levar a diminuição na dissipação do calor e conseqüente aumento da temperatura corporal interna e do esforço no sistema cardiovascular. O objetivo deste trabalho foi avaliar o estado de hidratação dos atletas de voleibol de praia que moram em Fortaleza - Ceará. O clima quente e úmido de Fortaleza o ano todo, pode levar esses atletas a uma desidratação e/ou causar possíveis danos a sua saúde, caso não reponham adequadamente a perda de fluidos que ocorre através da sudorese durante os exercícios.
METODOLOGIA:
Para esta avaliação foi realizada a determinação do estado de hidratação destes atletas durante o treinamento. Foi aplicado um questionário para detectar sinais e sintomas de desidratação e conhecer a ingestão diária de líquidos. Foi feito também um registro de pesagem para determinar a perda de peso corporal durante o treinamento. Os atletas foram pesados de calção de banho na balança digital Plena durante os três dias, antes e após o treinamento, para determinação da perda de peso através da sudorese. Em cada dia foram feitos os registros da temperatura ambiental e umidade relativa do ar com aparelho termo-higrômetro da Incoterm.
Simultaneamente, foi medida a quantidade de líquidos ingeridos pelos atletas, acondicionados em garrafas térmicas. Para verificar o grau de associação entre as variáveis qualiquantitativas relativas ao estado de hidratação dos atletas, utilizou-se a técnica do coeficiente de correlação linear de Pearson.
RESULTADOS:
Apenas 37,5% dos atletas apresentaram sinais e sintomas de desidratação como fadiga, aumento da concentração de urina, espasmos musculares e perda de apetite. A ingestão média de líquidos foi de 1,9 litros (ou 1041,64 ml/hora) durante uma hora e 50 minutos com 82,6% dos exercícios de intensidade leve a moderada e a freqüência média de líquidos ingeridos foi de 260 ml a cada 18,5 minutos. Apenas 41,6% dos atletas adicionaram algum tipo de nutriente à água. Um percentual de 75% dos atletas consumia cafeína na forma de achocolatado e café, diariamente. A perda de peso corporal foi de apenas 447 gramas (0,5%) durante o treino em temperatura média em torno de 33ºC e umidade relativa do ar de 61%.
CONCLUSÕES:
Os atletas de voleibol de praia estavam bem aclimatizados, pois moram e treinam em Fortaleza já há alguns anos. Outro importante fator para se obter uma boa performance e prevenir doenças geradas ao calor. Os atletas tinham acesso fácil aos líquidos, que mantinham refrigerados em garrafas térmicas a cada intervalo de treino. A ingestão média de líquidos foi de 1,9 litros (1041,64 ml/hora) dentro da faixa recomendada de 800 a 1400 ml/hora. E a freqüência média de líquidos ingeridos foi de 260 ml a cada 18,5 minutos, que também está dentro do recomendado, referindo um consumo de 200 ml a 300 ml a cada 10 a 20 minutos. Apenas 41,6% adicionam algum tipo de nutriente à água, pois em exercícios que duram mais de 1 hora deve-se adicionar 6 a 8% de carboidratos e eletrólitos para uma melhor hidratação e para retardar a fadiga. A maioria dos atletas consumia cafeína na forma de achocolatado e café diariamente, substância que apresenta um efeito diurético e ergogênico. A desidratação é considerada leve se a redução do peso corporal ficar no patamar de 1% até 2%. Não houve desidratação, dado que a perda de peso corporal foi de apenas 447 gramas, correspondendo a 0,5% do peso corporal, nos revelando um indicador do bom estado de hidratação dos atletas, apesar da temperatura acima de 28ºC e umidade relativa do ar maior do que 50% serem considerados fatores ambientais de alto risco para o atleta.