Integra

INTRODUÇÃO:

A modalidade Dança de Salão exige coordenação rítmica dos movimentos do dançarino ao ritmo da música e ao ritmo de sua parceria. No ensino desta modalidade depara-se frequentemente com a dificuldade de perceber e reproduzir o ritmo da música. A conceituação e avaliação do ritmo são complexas. Para efeitos desta pesquisa e de acordo com a literatura consultada considerou-se que o ritmo, mesmo sendo inato até certo ponto, pode ser adquirido através de experiências e aprendizagem. O objetivo desta pesquisa foi verificar se a reprodução de um ritmo dado pode ser melhorada após um curso de iniciação em Dança de Salão.

METODOLOGIA:

Para avaliar o ritmo foi selecionado o "tempo test" de Lemon e Sherbon (1934) que utiliza o metrônomo em três velocidades (andamentos), reproduzíveis por andadura normal. As velocidades usadas no teste são 64, 120 e 184. O movimento básico da Dança de Salão é o andar e suas variações. Sabe-se que o ritmo mais facilmente percebido é aquele que apresenta estímulos que se repetem regularmente. O metrônomo reproduz o ritmo mecanicamente regular. Assim, para a turma de iniciantes em dança de salão pareceu ser razoável aplicar este teste. Nele, participaram os 22 alunos sendo 13 universitários (média de idade 21 anos) e 9 jovens cursando o segundo grau (média de idade 16 anos). Um metrônomo Wittner foi ajustado, primeiramente, para o andamento 64 e os participantes ouviram-no inertes durante 10 segundos. O metrônomo foi parado e a um comando de "Prepara. Já!" os participantes reproduziram, andando, a velocidade percebida. Um cronômetro controlava o tempo de reprodução (10 segundos). Ao comando "Cessar!" os participantes paravam e os avaliadores anotavam o número de passadas realizadas. Este mesmo procedimento foi adotado para as velocidades 120 e 184. O teste do sinal foi aplicado na análise dos dados compostos pelos valores diferença (absoluto) entre o número de passadas executado e o número de passadas ideal em cada velocidade.

RESULTADOS:

Os resultados indicaram uma tendência a executar a velocidade 64 reproduzindo um número maior de passadas do que o esperado (12) principalmente para o grupo jovem. Na velocidade 120 a tendência foi dos universitários reproduzirem um número inferior ao número de passadas esperado (22) e dos jovens reproduzirem um número bem próximo ao ideal. Na velocidade 184 ambos os grupos tenderam a reproduzir um número de passadas inferior ao esperado (32) porém os jovens foram mais rápidos do que os universitários. Aplicando-se o teste do sinal houve rejeição da hipótese nula, no nível de 0,05%, nas velocidades 120 e 184 para o grupo de universitários e na velocidade 64 para o grupo de jovens. Ou seja, os erros no pós teste diminuíram em relação aos erros do pré teste (-2.77 no pré e -1.31 no pós teste na velocidade 120 e -7.92 no pré e -5.31 no pós teste na velocidade 184) no grupo universitário. De forma semelhante, os erros diminuíram do pós para o pré teste no grupo jovem na velocidade 64 (+2.66 no pré e +1.00 no pós teste).

CONCLUSÕES:

Tais resultados indicam que provavelmente há influência positiva de um curso de dança de salão na percepção e reprodução de um ritmo dado. Além disso, considerando os resultados gerais, independente do nível de significância, houve uma tendência à reprodução mais fidedigna no andamento moderado (120). Isto pode indicar que o ideal seria ensinar primeiramente uma movimentação neste andamento e não no mais lento como é de costume. A movimentação mais lenta, além da coordenação, acaba por envolver outra qualidade, o equilíbrio, que pode afetar negativamente a performance em estágios iniciais. Da mesma forma a movimentação rápida demanda coordenação e agilidade que podem comprometer a execução antes que o executante tenha domínio do movimento. Em relação à dança de salão sugere-se que o ritmo marcha (marcha rancho, para brasileiros) seja um dos primeiros ritmos a serem ensinados pois trata-se de uma estrutura de passos das mais simples (andar para frente e para trás) em andamento moderado (próximo ao 120 do teste). A maioria dos testes de ritmo são destinados a instrumentistas e musicistas. Há necessidade de desenvolver testes simples para serem aplicados aos movimentos em geral para que se conheça mais sobre este aspecto.