Resumo

O bullying, conceituado como agressões entre pares, de caráter repetido e frequente; seus conceitos, manifestações e meios de intervenção tornam-se fundamentais, devido ao seu crescimento. As atividades lúdicas concebidas como a prática das relações sociais, manifestadas através dos jogos e brincadeiras, podem ser um importante componente educativo. O presente estudo é um dos capítulos da tese de doutorado que identificou o conhecimento e a incidência dos casos de bullying e os benefícios das atividades lúdicas, para a redução das práticas agressivas entre pares em escolas públicas. Inicialmente participaram 920 alunos de 3ª e 4ª séries, de ambos os sexos; foram selecionadas duas escolas, uma delas denominou-se de controle e na outra realizouse uma intervenção com atividades lúdicas, durante um período de 5 meses e a reaplicação dos questionários com 457 alunos das duas escolas, para se analisar os benefícios da intervenção. Diversos estudos demonstram que não existe escola sem violência ou sem ocorrências de bullying; os dados do estudo analisam o recreio: 80% relatam que brincam com os amigos; “não gosto e gosto mais ou menos”, alcançaram 31,7% na escola de controle e 23,5% na escola de intervenção, onde o percentual de alunos que relataram ser perseguidos durante o recreio diminuiu de 14,4% para 5,3%. Os meninos, comparando com as meninas, têm maior envolvimento em casos de bullying nas escolas. As agressões repetidas entre três a cinco vezes, desde o início das aulas, indicam mais de 22% de envolvimento dos meninos, contra 15% das meninas; estes números são mais esclarecedores na participação como agressores, entre 38% a 57% dos meninos e entre 57% a 82% das meninas relatam não se envolverem nenhuma vez. Os resultados apresentam diferenças: o percentual de alunos que foram vítimas mais de 5 vezes na escola controle aumentou e na escola de intervenção diminuiu. Na escola, 48% não foram vítimas; enquanto na escola de intervenção diminuiu o número de alunos agressores e 64,1% relatam não serem vítimas de nenhuma agressão. Quanto às formas de agressão, as diretas por meio de agressões verbais e de ameaças foram apontadas nas duas escolas; na escola de controle a verbal aumentou de 33% para 38,7%. Na escola de intervenção houve uma diminuição em quase todos os tipos de agressão sofridos pelas vítimas; a agressão “chamaram de nomes feios” diminuiu de 42,8% para 36,3% e as agressões físicas reduziram de 17,5% para 10,6%. A aplicação de atividades lúdicas contribui para a diminuição do bullying na escola. Esta hipótese é confirmada com o aumento na resposta nenhuma vez (57% para 64%) e uma diminuição em todas as respostas em que se apontavam ocorrências de vitimização desde o início das aulas ou no último mês de aulas. As atividades desenvolvidas com os alunos durante o período de intervenção foram em sua maioria de caráter cooperativo, portanto os resultados aqui analisados demonstram a eficiência da intervenção, através das atividades lúdicas, para a redução do bullying nas aulas de Educação Física e no recreio, dentro da escola.