“Bicha preta”: discutindo masculinidades negras na formação em educação física
Por Fabille Mara Assumpção Moreira (Autor), Michele Pereira de Souza da Fonseca (Autor), Leandro Teofilo de Brito (Autor).
Resumo
O presente resumo tem como objetivo apresentar reflexões suscitadas no evento de extensão 9º Ciclo de cinema e diversidade sobre o tema masculinidades e sua relação com aspectos interseccionais, a partir da exibição do documentário “Bicha Preta”. Embasamos-nos num conceito de inclusão amplo, dialético, processual e infindável considerando marcadores sociais da diferença como gênero, sexualidade, racialidade, deficiências e outras (SAWAIA, 2017; FONSECA, 2021). É notório que os debates sobre as masculinidades hegemônicas têm ocupado cada dia mais espaço no cenário acadêmico ocidental (MEDRADO e LYRA, 2008), assim como tem sido visibilizada a importância de se focalizar intersecções da diferença (CRENSHAW, 2002) nas identificações das masculinidades, sobretudo no olhar para as masculinidades negras (VIGOYA, 2018). Refletindo a partir dos estudos de gênero, é possível perceber como são construídas as representações sociais das masculinidades, tendo em vista, os espaços na qual elas se configuram; na nossa área de atuação, problematizar essas questões tem sido uma preocupação constante. O evento é vinculado à Escola de Educação Física e Desportos da UFRJ. Considerando o contexto pandêmico, em setembro de 2021, promovemos um encontro síncrono no google meet para espaço de debate. Cientes das dificuldades de manutenção da plataforma, escolhemos um documentário que estivesse disponível gratuitamente para enviar aos inscritos. No dia do evento exibimos o trailer, seguida da fala inicial dos debatedores e posteriormente os/as participantes levantaram questões e dúvidas, intencionando uma roda de debates dialógica e horizontalizada, com inspirações freireanas. Participaram 26 pessoas que se autodeclararam homens e 18 mulheres, majoritariamente docentes em formação. O documentário traz à tona a realidade de homens homosexuais negros que vêm sendo excluídos historicamente, aborda aspectos socioculturais que promovem a marginalização da negritude LGBTI+, e contribui relatando a diversidade de expressões e lutas desse movimento. O debate iniciou com as falas dos convidados apresentando um panorama sobre a temática em questão, assinalando as múltiplas possibilidades de vivenciar as masculinidades, entendendo como um conjunto de discursos e práticas que marcam o pertencimento de homens a determinados grupos sociais, refletindo sobre os espaços que configuram a construção dessas masculinidades e o quanto estes podem incentivar a imposição do modelo hegemônico. A partir dessas experiências foram suscitadas potentes reflexões considerando os espaços geográficos que estão inseridos, os discursos percebidos tendo em vista os estereótipos preconceituosos e os aspectos interseccionais a partir dos atravessamentos de idade, gênero, classe e raça, articulando essas demandas com a ação/formação docente na Educação Física escolar.