Boas práticas em gestão de instalações fundamentadas no modelo ESG: um relato de experiência sobre a arena de Pernambuco
Por Ana Beatriz Araújo Brandão (Autor), Marcos André Nunes Costa (Autor), Arthur Henrique Bandeira de Sousa e Silva (Autor), Cacilda Mendes dos Santos Amara (Autor).
Resumo
O crescimento da Gestão do Esporte acompanhou os megaeventos realizados no Brasil nos últimos anos, fazendo com que pesquisas fossem requisitadas como alternativa à “marginalização teórica” que poderia vir a ocorrer aos países que não aderissem ao movimento (Brandão et al., 2024). No Brasil, a Gestão de Arenas Esportivas (GAE), ganha ênfase na “década dos megaeventos” recebendo novas arenas tecnológicas, com infraestrutura e equipamentos para atender diferentes públicos (Reis, 2017). A manutenção de instalações grandiosas requer iniciativas tão particulares quanto, para que sejam produtos multifuncionais e se desenvolvam independentemente dos eventos esportivos. Autores têm se preocupado também com a sustentabilidade relacionada à GAE e seus impactos ambientais durante a construção e uso, além de muitas já serem planejadas, construídas e geridas dentro dos preceitos de sustentabilidade (Stinnett & Gibson, 2016). No meio organizacional, o conceito de ESG tem se popularizado rapidamente entre instituições, trazendo padrões operacionais com três pilares: Environmental (Ambiental), Social (Social) e Governance (Governança) (Mafra, Petrilli, Kimura, & Monteiro, 2021). Equipamento legado da Copa do Mundo de 2014, a Arena de Pernambuco se tornou exemplo de boas práticas de GAE e subordinada à Secretaria de Turismo e Lazer de Pernambuco, sua administração aplica os fundamentos ESG em iniciativas esportivas, sociais e de bem-estar para contemplar não só o futebol, mas também o meio-ambiente, a população e o fenômeno “esporte” nas suas variadas faces. Objetivo: Relatar a implementação de boas práticas de gestão de instalações esportivas baseadas em ESG na Arena de Pernambuco. Descrição da Implementação: A Arena de Pernambuco, é uma instalação de enormes proporções e que se mostrou insustentável apenas com o uso para fins esportivos. Com o início da nova administração (2023), percebeu-se que novas iniciativas de administração seriam necessárias para transformá-la em um produto multiuso, capaz de se manter e perpetuar sua função maior: servir à população. Adaptações e melhorias estruturais e processuais foram realizadas para um comprometimento com o meio ambiente com estratégias de governança. No pilar Ambiental, a Arena se comprometeu em manter a certificação Silver de reconhecimento a boas práticas usadas na sua construção para reduzir impactos ambientais dada pelo Green Building Certification Institute. A água proveniente do gramado é captada e armazenada em até 5 mil metros cúbicos, garantindo autonomia hídrica em diversos eventos e circunstâncias. Todo o resíduo sólido produzido pelos eventos é armazenado em locais com triagem e são coletados por cooperativas de reciclagem para a destinação correta. A Arena compõe o grupo de órgãos do Governo Estadual no mercado aberto de energia, buscando reduzir 30% do gasto energético do equipamento e tratativas para a recuperação da usina fotovoltaica existente já foram iniciadas. No pilar social, a arena é exemplo em atividades sociais e culturais, no intuito de deixar o legado do equipamento público para a população. Dois projetos são realizados em parceria com a Secretaria Executiva de Esportes: o Centro de Formação Esportiva (CFE) e o Centro de Desenvolvimento do Futebol Feminino de Pernambuco (CDFF), ambos com o objetivo de desenvolver e democratizar o acesso à formação esportiva de qualidade para jovens, promovendo o direito constitucional ao esporte e a descoberta de talentos.