Resumo

Este estudo tem a intencionalidade, verificando o itinerário social de cinco professores de Educação Física que ministram aulas na EMEF Ricardo de Castro Caramuru Monteiro, na cidade de Araraquara- SP, identificar as disposições assimiladas por eles, principalmente na construção social do seu corpo, exteriorizado na postura corporal, ou seja, segundo Bourdieu(1979) na sua héxis corporal e sua relação com o cotidiano escolar. Estabeleci como pressuposto para este estudo que a construção social da héxis corporal do professor de educação física é um processo em constante construção, pois é resultante de sua trajetória de vida com intervenções provenientes do contexto social da qual vive. Nesse enfrentamento diário, o agente e ou o seu grupo social tende a tornar visíveis os aspectos de dinamicidade e permanência de sua ação. Em tal dinâmica, o agente e ou o grupo a qual pertença, incorpora os elementos constituintes da realidade social e, a seu modo, exterioriza os conteúdos simbólicos interiorizados, compartilhando os traços de uma cultura comum que pode ser examinada através do conceito de habitus. Bourdieu (1984) debita esse trabalho de inculcação e construção de uma héxis corporal à instância da educação primária, realizada primordialmente pela família e pela classe social a qual pertença essa família. Essa primeira educação acontece pela absorção, e por meio das relações sociais, de uma matriz de práticas contidas em um código, a héxis corporal expressa à motricidade, enquanto esquema postural que é ao mesmo tempo singular e sistemático, pois é solidário de todo sistema de técnicas do corpo e de instrumentos, e carregado de uma miríade de significações e de valores sociais. Em seguida, essa educação primária tende a passar pelo trabalho pedagógico, institucionalizado no sistema de ensino, que está em constante construção e reconstrução, sendo estruturante e estruturado pelas experiências vivenciadas nos grupos de amigos, cultura de massa, entre outros. A hexis neste sentido é a dimensão que possibilita a internalização das conseqüências das práticas sociais e, também, a sua exteriorização corporal, através do modo de falar, gesticular, olhar, andar, uma postura de cabeça, caretas, maneiras de sentar-se, de manejar instrumentos, cada vez mais associado a um tom de voz dos agentes sociais. As crianças são particularmente atentas, em todas as sociedades a esses gestos e a essas posturas onde se exprimem a seus olhos, tudo aquilo que caracteriza um adulto.  

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