Resumo

Considerando o contexto de reestruturação produtiva e neoliberalismo que incidem na formação social brasileira desde as últimas décadas do século XX, a literatura especializada da área Educação Física estabelece relações entre a divisão da formação em Educação Física e a reestruturação produtiva. Apropriando-se da revisão teórico-conceitual do que a literatura marxista reconhece como reestruturação produtiva, esta pesquisa visa – no âmbito da economia – apanhar a cadeia produtiva da indústria da cultura corporal em academias de ginástica, bem como os sinais de existência de uma reestruturação produtiva que indiquem nexos com a divisão da formação de professores de Educação Física. Buscamos entender os nexos entre o estágio de desenvolvimento da indústria da cultura corporal no setor de academias e – até que ponto, esse estágio de desenvolvimento interfere, influencia, determina – as disputas pela direção da formação em Educação Física no Brasil (1980-2012). A Concepção Materialista e Dialética da História é a teoria do conhecimento que orienta o modo como estamos pensando esse objeto, síntese de múltiplas determinações. As categorias centrais que se articulam são: modo de produção capitalista/reestruturação produtiva do capitalismo na formação social brasileira; reestruturação produtiva x reestruturação da educação/formação da força de trabalho; indústria da cultura corporal (setor de academias); reestruturação produtiva da indústria da cultura corporal/formação de professores de Educação Física. Dentre os resultados da pesquisa, verificamos que houve a necessidade de adequação da força de trabalho no setor de academias, no que se refere as inovações nos equipamentos e aparelhos, novas modalidades corporais, conhecimento de marketing e, principalmente, em relação a atitude pessoal que deve estar voltada ao empreendedorismo e flexibilização, contudo não foram alterações significativas no conteúdo de trabalho do professor de Educação Física, a ponto de justificarem a divisão da formação em Licenciatura e Bacharelado. No nosso entendimento não estão claros os nexos da relação entre reestruturação produtiva e divisão da formação. O reconhecimento da cadeia produtiva do setor de academias e os dados econômicos desse mercado, possibilitou-nos problematizar o debate sobre os interesses dos empresários de academias e suas determinações na direção da formação em Educação Física.

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