Resumo

Nos últimos anos, a Capoeira tem tido uma ascensão no que se refere ao seu estudo e divulgação na sociedade como um todo. É crescente o movimento que busca valorizar essa manifestação cultural Afro-brasileira, especialmente no ambiente escolar, como evidenciam inúmeros estudos e documentos oficiais que sinalizam essa possibilidade. Mas, mesmo com esse processo de valorização dessa manifestação cultural, percebemos que o tema Capoeira ainda não é desenvolvido de forma maciça na escola. Sendo assim, o presente estudo tem como objetivo investigar se a Capoeira está sendo abordada nas aulas de Educação Física na região da DIREC 13, e caso não esteja (nossa hipótese mediante imersão nesta realidade), compreender e analisar os motivos pelos quais isso ocorre, a partir do discurso dos professores. Paralelo a esse objetivo principal, buscaremos também, por meio destes discursos, relacionar estes motivos às fases historicamente vividas pela Capoeira, apontando rupturas e permanências neste processo de legitimação da Capoeira no ambiente escolar. Neste contexto, a presente pesquisa se justifica por ser mais um estudo acadêmico que vem a abordar esta temática, somando-se a outras que temos em nível nacional, e que visam colaborar para a defesa do ensino da Capoeira nas aulas de Educação Física escolar. Outra justificativa que parece pertinente é fomentar o debate acerca de uma tensão existente nesta área no Estado da Bahia, pois embora esta manifestação da cultura corporal seja valorizada fora dos “muros escolares” nesta região, sendo tratada em academias, nas ruas, filmes, novelas, propagandas, livros, etc; seu espaço parece ainda não estar sendo valorizado no contexto escolar. O método utilizado para essa pesquisa foi o descritivo de cunho qualitativo, utilizando-se como instrumento a aplicação de questionários, contemplando uma amostra de 47 professores que lecionam a disciplina Educação Física nas escolas estaduais da região abrangidas pela (DIREC 13) Jequié-BA. Cerca de 53% desta amostra respondeu aos questionários, e a partir da análise de Bardin (1977), foi possível algumas interpretações. Concluímos que todos os professores participantes são licenciados em Educação Física e quase todos tiveram a disciplina Capoeira na graduação. A maioria também fez cursos de especialização e o curso promovido pela Secretaria de Educação do Estado sobre a Capoeira. Todos eles consideram importante desenvolver o tema Capoeira em suas aulas (por motivos culturais, históricos e de desenvolvimento motor), apesar de 18, dos 25 professores de fato a desenvolverem em suas aulas. Outro dado a destacar é que 78% dos professores entendem a Capoeira como um tema multifacetado, o que se constitui como uma facilidade para aborda-la nas aulas de Educação Física. No que diz respeito às dificuldades encontradas para se desenvolver a Capoeira, o argumento da falta de material também apareceu, somado às mais diversas formas de preconceito, principalmente a religiosa, evidenciando que teremos que lidar com um novo tipo de preconceito para desenvolver este tema: a intolerância religiosa

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