Características Cardíacas e Metabólicas de Corredores de Longa Distância do Ambulatório de Cardiologia do Esporte e Exercício, de Um Hospital Terciário
Por Luciene Ferreira Azevedo (Autor), Patricia Chakur Brum (Autor), Dudley Rosemblatt (Autor), Patrícia de Sá Perlingeiro (Autor), Antônio Carlos Pereira Barretto (Autor), Carlos Eduardo Negrão (Autor), Luciana Diniz Nagem Janot Matos (Autor).
Em Arquivos Brasileiros de Cardiologia v. 88, n 1, 2007. Da página 17 a 25
Resumo
Objetivo: Caracterizar parâmetros cardíacos, eletrocardiográficos e funcionais, e respostas cardiopulmonares ao exercício em corredores de longa distância brasileiros, acompanhados no Ambulatório de Cardiologia do Esporte e Exercício de um hospital terciário. Métodos: De uma população inicial de 443 atletas, de ambos os sexos, de diferentes modalidades esportivas, foram avaliados 162 (37%) corredores de longa distância, do sexo masculino, com idade variando entre quatorze e 67 anos. Registros eletrocardiográficos (doze derivações) e ecocardiográficos (modos mono e bidimensional) foram realizados em repouso. Respostas cardiopulmonares foram avaliadas durante teste em esteira rolante, com protocolo em rampa. Resultados: Alterações metabólicas e doenças cardiovasculares foram diagnosticadas em 17% e 9% dos corredores, respectivamente. Bradicardia sinusal e hipertrofia ventricular esquerda foram verificadas em 62% e 33% dos corredores, respectivamente. Alterações estruturais, como cavidade ventricular > 55mm, espessura relativa de parede > 0,44 e índice de massa ventricular > 134g/m2 foram encontradas em 15%, 11% e 7% dos corredores, respectivamente. Fração de ejeção < 55% foi observada em 4% dos corredores. O consumo de oxigênio pico (VO2pico) diminuiu a partir de 41 anos, embora o limiar anaeróbio relativo ao VO2pico tenha se mantido inalterado com a idade. Conclusão: Bradicardia de repouso e hipertrofia ventricular esquerda são as adaptações cardiovasculares mais freqüentes em corredores de longa distância brasileiros acompanhados no Ambulatório de Cardiologia do Esporte e Exercício. Apesar da diminuição do VO2pico a partir de 41 anos, há manutenção do consumo de oxigênio relativo no limiar anaeróbio nesses corredores. Palavras-chave: Eletrocardiografia, freqüência cardíaca, hipertrofia ventricular esquerda, consumo de oxigênio, limiar anaeróbio.