Resumo
O tênis é um esporte de característica intermitente que envolve esforços repetidos e com mudança de direção em que há uma alta exigência do metabolismo aeróbio e do sistema neuromuscular. A literatura relacionada ao esporte carece de informações relacionadas ao padrão de deslocamento em jogo e quais aspectos são importantes para o desempenho físico dos atletas durante a partida. As ações de alta intensidade e de mudança de direção do esporte influenciam diretamente na fadiga muscular experimentada durante e após o jogo. O Hit and Turn Tennis Test (HTTT) foi desenvolvido para avaliar o desempenho físico em ações específicas do tênis, portanto há a necessidade de se avaliar se o mesmo se relaciona com algumas atividades realizadas em jogo. Os objetivos do estudo são: descrever as características cinemáticas de atletas de tênis durante jogos simulados, analisar se há diminuição do desempenho físico ao longo do jogo, imediatamente após o jogo e relacionar o desempenho no HTTT com o desempenho físico dos atletas em jogo. Foram selecionados 8 atletas de tênis do sexo masculino (14 ± 1,4 anos; 166,5 ± 9,8 cm; 52 ± 11,4 Kg). Os atletas realizaram o HTTT e um teste de sprints repetidos específico para o tênis em dias separados. Posteriormente os atletas realizaram um jogo simulado de tênis. Por fim, os atletas realizaram novamente o teste de sprints repetidos imediatamente após o jogo. Durante os jogos os atletas tiveram suas atividades de deslocamento e sua frequência cardíaca (FC) monitorada. Para isso foi utilizado um aparelho de GPS e uma fita para captação do sinal da FC que também é armazenada no GPS. A partir dos dados do GPS foram obtidos dados de distância percorrida em diferentes faixas de velocidade, número de acelerações em diferentes intensidades, body load e FC. Para análise estatística foi utilizada a inferência baseada em magnitudes para avaliar a chance dos valores obtidos serem considerados “melhor” ou “pior”. O coeficiente de correlação de Spearman foi utilizado para relacionar as características de deslocamento em jogo com o desempenho no HTTT. Os atletas percorreram em média 44 ± 3,3 m/min de jogo o que resultou em uma distância total de 2716 ± 203,3 m, sendo que 64,3 ± 58,3 m foram percorridos em alta intensidade. O número de acelerações em alta intensidade (AAI) e de desacelerações em alta intensidade (DeAI) durante o jogo foi de 55,8 ± 5,2 e 57,3 ± 9, respectivamente. A body load (BL) acumulada durante o jogo foi 21757,5 ± 11539,7 u.a. Não houve mudanças na distância total (DT), BL, DeAI e AAI ao longo do jogo. Houve um provável aumento da distância percorrida em alta intensidade (DAI) ao longo do jogo. Não houve mudança no desempenho no teste de sprints repetidos após o jogo comparado com o desempenho no teste realizado na linha de base. O HTTT teve uma alta correlação (r = 0,89) com a BL em jogo. A DT a DAI e a distância percorrida em sprints (DS) não são tão recorrentes durante o jogo. O número AAI são mais recorrentes e mais próximas das demonstradas em outros esportes. As atividades de deslocamento não sofreram alterações ao longo do jogo, exceto a DAI qual houve um provável aumento no final do jogo. Não houve diminuição do desempenho no teste de sprints repetidos após o jogo. Pode ser que o tempo de jogo não tenha sido suficiente para desencadear a diminuição do desempenho tanto nas atividades de deslocamento ao longo do jogo como no teste de sprints repetidos. O HTTT teve uma alta correção com a BL e correlações baixas com a DT, DAI e AAI. Apesar de este ser um bom indício a respeito da validade do teste, mais estudos são necessários com uma amostra de atletas maior para confirmar a validade do mesmo.