Integra

introdução:

o alto-rendimento em qualquer modalidade esportiva exige a especificidade nos treinamentos, incluindo treino de flexibilidade e força em grupamentos musculares específicos. todavia, como nenhuma modalidade esportiva desenvolve os grupos musculares de maneira homogênea, o treinamento específico embora favoreça adaptações e performance, pode negligenciar alguns grupos musculares menos específicos e causar desequilíbrios das cadeias cinéticas, tornado aceitável que também modifique a dinâmica de movimentos durante a marcha. assim, o objetivo de identificar características das variáveis dinâmicas e espaço-temporais da marcha de atletas, torna-se relevante e tem possibilidade de indicar se existem possíveis alterações nas cargas sobre o aparelho locomotor, que podem afetar a qualidade atlética do desportista e produzir alterações músculo-esqueléticas.metodologia:

participaram deste estudo descritivo, exploratório, 5 atletas (2 homens e 3 mulheres), média de idade de 23 anos, massa ± 70,3kg, altura ± 1,71cm, tempo médio de prática de 8,2 anos na modalidade de atletismo, todos corredores de provas de velocidade (200m e 400m rasos). como instrumento de coleta das variáveis da marcha utilizou-se uma esteira ergométrica kistler-gaitway, que possui acoplados a sua base sensores piezoelétricos que permitem registrar a força vertical de reação do solo. para coleta de dados, os sujeitos foram primeiramente pesados, para posterior normalização dos dados pelo peso corporal (pc); em seguida orientados sobre o correto posicionamento na esteira e iniciava-se a caminhada. os dados foram coletados em duas velocidades, 5km/h e 6 km/h, com uma freqüência de amostragem de 600hz e tempo de aquisição de 12s. para análise dos dados fez-se uso da estatística descritiva e índice de assimetria (ias).resultados:

nas variáveis dinâmicas da marcha os atletas apresentaram a 5km/h, valores de primeiro pico de força de 1,09pc e 1,10pc com ias 0,72 e segundo pico de força 1,15pc e 1,16pc com ias 1,35 para o lado direito (ld) e lado esquerdo (le) e razão entre os picos 0,96 ld; 0,95 le.

na taxa de aceitação do peso teve-se 8,27pc/s (ld) e 9,69pc/s (le) com ias 14,53. nas variáveis espaço-temporais os valores encontrados foram 0,68m ld e 0,67m le no comprimento do passo e ias -0,88, com cadência média 118 passos/min. no tempo de duplo apoio teve-se 0,27 s ambos os lados e tempo de apoio simples 0,36s ld; 0,37 le e ias 1,6. para 6,0km/h os valores foram 1,20pc (ld); 1,19pc (le) primeiro pico de força, com ias -0,89; no segundo pico de força, 1,20pc (ld); 1,21pc (le) com ias 0,54 e razão entre os picos 0,47 para ambos os lados. a taxa de aceitação de peso foi 11,36pc/s (ld); 12,25pc/s (le), com ias 6,54. no comprimento do passo obteve-se 0,76m para ambos os lados e ias -0,26. a cadência foi 127 passos/min (ld); 126 passos/min (le) com ias -0,9. para tempo de duplo apoio 0,23s ambos os lados e tempo de apoio simples 0,35s (ld); 0,36s (le) com ias 1,38. ao valores da taxa de aceitação do peso foram inferiores aos encontrados para sujeitos adultos não-atletas e a razão entre os picos sendo inferior a 1.0 ratifica estes resultados, indicando a prevalência do segundo pico sobre o primeiro, situação esta diferente a não-atletas onde o primeiro pico prevalece sobre o segundo pico de força.

conclusões:

os resultados obtidos apontam um segundo pico maior que o primeiro pico de força para ambas as velocidades e taxa de aceitação do peso com valores considerados baixos para a velocidade de 5km/h; não observando-se diminuição dos valores das variáveis espaço-temporais, apesar do incremento da velocidade. os atletas apresentaram baixas assimetrias tanto para variáveis dinâmicas como para as espaço-temporais. no entanto, mesmo sem alterações entre os lados, os praticantes desta modalidade apresentaram modificações nos padrões dinâmicos da marcha, principalmente no que se refere a relação entre o primeiro e o segundo picos de força. sugerindo com isto, que a especificidade de treinamentos pode levar a modificações em alguns parâmetros da marcha.