Resumo

A formação do médico caracteriza-se por intensa dedicação a conteúdos curriculares e extracurriculares que ocupam o tempo do estudante de forma integral e por cobranças constantes que se iniciam ainda na seleção para entrada do curso universitário indo até à própria responsabilidade que vem com a prática da profissão. O estresse enfrentado pelos estudantes de Medicina aliado ao sedentarismo e maus hábitos alimentares, promovem, além do comprometimento emocional e psicológico, maior risco de desenvolvimento de doenças crônicas especialmente obesidade, doenças cardiovasculares, diabetes e câncer. Os benefícios da aptidão física sobre a saúde e prevenção de doenças crônicas estão amplamente relatados na literatura. No entanto, existem poucas investigações sobre esse tema, especialmente com estudantes de medicina. Este estudo objetivou descrever a aptidão física(composição corporal, força muscular, flexibilidade, aptidão musculoesquelética) relacionada à saúde, de estudantes de medicina da UFC e comparar seus componentes nos diferentes semestres. O presente estudo de corte transversal foi composto por 194 estudantes de medicina. Foi realizada coleta de informações sociodemográficas, o nível de atividade física aferida pelo International Physical Activity questionary – IPAQ short version e medidas e valores da composição corporal, flexibilidade, força muscular e aptidão musculoesquelética. Foi evidenciado elevados percentuais de alterações nos componentes da aptidão física relacionados à saúde: PG (70,0%); FMD (93,8%); FME (62,4%); F (68,0%) e TSL (69,6%). As mulheres apresentaram média de PG mais elevada que os homens (26,1±7,8 vs 19,4 ±8,2). As médias das CA, CC e PA dos homens foram maiores que das mulheres (com significância estatística). O presente estudo apresentou diferenças significativas na média das variáveis da composição corporal (CA, IMC e PG) e F entre os semestres iniciais e intermediários. A prevalência de indivíduos inativos de acordo com a classificação do Protocolo IPAQ foi de 65,5%, sendo 49,6% de homens e 50,4% de mulheres (sem diferença estatística entre os gêneros). Este estudo demonstrou, na população avaliada, elevada prevalência de alterações nos componentes constituintes da aptidão físicarelacionados à saúde, tais como a flexibilidade, composição corporal, força muscular e aptidão musculoesquelética. Além disso, a média da flexibilidade, circunferência abdominal, IMC, % de água e gordura apresentaram diferenças entre os semestres iniciais e intermediários. Apesar das evidencias quanto aos benefícios da prática de atividade física, evidenciou-se que os estudantes foram em, sua maioria, considerados inativos, segundo as classificações do IPAQ. Esses achados sugerem que, ações intervencionistas mais efetivas direcionadas à adoção e manutenção de um estilo de vida fisicamente ativo devam ser adotadas durante a formação universitária.

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