Resumo

: Estudantes na educação superior estão em uma fase vulnerável para o desenvolvimento de transtornos mentais. Estimativas indicam que cerca de um terço dos estudantes universitários relatam problemas de saúde mental nos últimos 12 meses. Muitas vezes negligenciada nos estudos de prevalência é a estimativa de comorbidades, onde mais de um transtorno psiquiátrico está presente simultaneamente. Além disto, a literatura apresenta poucos estudos de formação de clusters para avaliar os transtornos mentais em estudantes universitários. Objetivo: Caracterizar os clusters de transtornos mentais em estudantes universitários brasileiros. Método: Este projeto de dissertação realizou um recorte transversal da linha de base da fase piloto de um estudo de coorte longitudinal, multicêntrico e prospectivo (Unilife-M). O estudo piloto previu uma amostra mínima de 550 alunos, 50 para cada uma das 10 universidades Brasileiras participantes. A coleta de dados se deu através do preenchimento dos questionários autorreportados através da plataforma online REDcap. Foram utilizados dados dos questionários DSM-5 (nível 1), PHQ-9, HCL-32, GAD-7, PSQI, OCI-R, ASSIST e ASRS para avaliação dos sintomas de nível 2 de transtornos de depressão, hipomania, ansiedade, distúrbios do sono, pensamentos e comportamentos repetitivos, uso de substâncias e déficit de atenção e hiperatividade, respectivamente. As análises foram conduzidas no software IBM SPSSS statistics, Versão 26.0 (Armonk, NY: IBM Corp). A análise de cluster foi realizada em duas etapas, utilizando o algoritmo TwoStep Cluster. O número de clusters foi baseado na melhor combinação de baixo Critério de Informação Bayesiana (BIC) e alta proporção de medidas de distância e alta proporção de mudanças BIC. Também foi realizado o cálculo do índice de Jeopardy. As pontuações de cada indicador foram somadas, resultando em um "Índice de Jeopardy" variando de 0 a 6. Os resultados foram expressos em Odds Ratio (OR) e respectivos intervalos de confiança de 95%. A significância adotada em todas as análises foi de p<0,05. Resultados: Participaram 549 estudantes universitários brasileiros (média de idade = 23 ± 6 anos, 56,5% mulheres) e foram observados dois grupos de transtornos mentais denominados “At-risk” (45%) e “Protected”. O At-risk representa 45% da amostra. A gravidade dos sintomas foi significativamente menor no grupo “Baixo risco” em comparação com o grupo de risco. Análises de regressão logística indicam que mulheres (OR=2,14, IC 95%=1,45-3,15), não heterossexuais (OR=2,17, IC 95%=1,42- 3,32) e aqueles sem qualquer relato de atividade física semanal (OR=4,58), IC 95%=2,43-8,56) tiveram maiores chances de estar no cluster de risco. Conclusão: Pessoas em grupos sociais menos privilegiados, representando minorias, possuem mais chances de estarem no cluster de risco para transtornos mentais. Este trabalho sugere quais universitários brasileiros são os grupos mais vulneráveis para saúde mental. Estes achados são úteis para as universidades compreenderem melhor seus alunos e desenvolverem programas que busquem promover a saúde mental nas universidades

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