Companhia Equestre de E. G. Mead
Parte de Circos e Palhaços no Rio de Janeiro: Império . páginas 37 - 40
Resumo
Conforme apresentado no ano de 1832, a Companhia de E. G. Mead trabalhou em parceira com artistas da família Chiarini, em 1838, no mesmo Anfiteatro do Largo D’Ajuda, conforme indica a propaganda. Essa Companhia é a primeira que encontramos que anuncia um repertório com provas equestre e, também, de acordo com nossas pesquisas, com a presença de animais no espetáculo, nesse caso o “Elefante Pizarro” e o “Macaco capitão”. Nesse sentido, segundo a propaganda referente à atuação deste grupo, que, como era comum no período, trazia praticamente todo o programa que seria exibido, a Companhia de E. G. Mead caracterizava-se por apresentar variadas atrações, mas, ao que tudo indica, sua especialidade eram os números equestres realizados por cavalo e cavaleiro, mas, também, somente pelos cavalos. Temos também que havia iluminação no Círculo Olímpico da Rua D’Ajuda, pois o espetáculo iria iniciar às 8 da noite, conforme a última informação exibida na propaganda em destaque. Como não somos informados a respeito de como era realizada essa iluminação, é possível imaginar que as possibilidades para a época poderiam ser tochas de resina, velas de sebo, lamparinas ou candeeiros alimentados por óleo. É interessante observar que no anúncio de divulgação da família Chiarini, de 1832, o espetáculo a ser apresentado era dividido por cenas, e aqui, no ano de 1838, em parceira com E. G. Mead, por atos. Observa-se que na teatralidade circense, as formas de designar suas apresentações têm sentido e inspiração no linguajar teatral. Dessa maneira, em alguns casos, como veremos, as várias apresentações de palhaços serão nomeadas como cenas cômicas. Apesar de se poder pensar que os circenses estariam meramente copiando ou imitando as formas teatrais de denominação, é preciso lembrar que as fronteiras entre o que os artistas circenses e teatrais realizaram durante todo o século XIX e início do XX se confundiam, não eram nítidas e excludentes, ao contrário, se misturavam o tempo todo. Vale destacar a presença na Companhia do “Palhaço Guilherme Clark [que], no seu cavalo escuro, dançará em caráter jocoso e sério”. Apesar de não termos encontrado o que significava uma dança jocosa e séria sobre o cavalo, é significativo o fato de que o artista que representava o palhaço também fazia parte de outros números no espetáculo. Nesse sentido, é possível imaginar que os cantores que executaram a “cena de canto” ao fim do espetáculo, também atuavam com outras funções artísticas nas apresentações.