Resumo

02/10/2020
A cirrose hepática tem envolvimento multissistêmico e está associada a circulação hiperdinâmica e disfunção autonômica. O exercício físico é uma manobra fisiológica estressora que gera respostas hemodinâmicas e autonômicas, podendo ter impacto prognóstico e aplicação clínica potencialmente relevante. O objetivo do estudo foi avaliar o comportamento hemodinâmico e autonômico vagal durante e na fase de recuperação pós teste de resistência muscular periférica em pacientes com cirrose hepática. Foram avaliados 50 pacientes cirróticos (Grupo Cirrótico) e 40 indivíduos sem cirrose (Grupo Controle) pareados por idade e IMC (59±13 anos vs. 57±13 anos, p=0,58 e 28±5 Kg/m² vs. 28±4 Kg/m², p=0,94, respectivamente). Ambos os grupos realizaram teste dinâmico de resistência muscular periférica por meio do dinamômetro de preensão manual digital EGM®, com força alvo de 45% da contração voluntária máxima em ritmo de 60 ciclos de contração/relaxamento por minuto até a falha, caracterizada por três contrações consecutivas sem atingir a força alvo. Pressão arterial sistólica (PAS), pressão arterial diastólica (PAD) e pressão arterial média (PAM), além da frequência cardíaca (FC), foram registradas pelo monitor multiparamétrico DIXTAL®, antes, durante e após o teste de resistência muscular periférica. A avaliação autonômica vagal foi realizada em uma subamostra de 32 cirróticos e 24 controles, nos momentos pré (10 minutos), durante o protocolo de exercício físico proposto e pós (10 minutos) pelo cardiofrequencímetro Polar® V800. Posteriormente, no programa Kubius, foi feita a análise Time-Varying da variabilidade da frequência cardíaca (VFC) e calculado o índice RMSSD30s, indicador da modulação autonômica vagal. Utilizou-se ANOVA de 2 fatores para medidas repetidas seguida do post hoc de Bonferroni. Foi considerado significativo p≤0,05. A PAS aumentou no pico do exercício em relação ao repouso (efeito tempo, p<0,01) e retornou aos valores basais no primeiro minuto da recuperação (efeito tempo, p=1,00) de forma semelhante entre os grupos (efeito grupo, p=0,07). Em ambos os grupos, PAD e PAM aumentaram no pico do exercício em relação ao repouso (efeito tempo, p<0,01 e p<0,01, respectivamente) e retornaram aos valores basais (efeito tempo, p=0,65 e p=1,00, respectivamente). Porém, o grupo cirrótico apresentou menores valores de PAD (efeito grupo, p<0,01) e PAM (efeito grupo, p=0,02) durante todo o protocolo. A FC aumentou no pico do exercício em comparação ao repouso (efeito tempo, p<0,01) e permaneceu aumentada na recuperação em relação ao repouso (efeito tempo, p<0,01) de forma similar entre os grupos (efeito grupo, p=0,18). O índice RMSSD30 diminuiu no pico do exercício em relação ao repouso (efeito tempo, p<0,01) e retornou aos valores basais no primeiro minuto da recuperação (efeito tempo, p=0,29) de forma semelhante entre os grupos (efeito grupo, p=0,64). Podemos concluir que pacientes cirróticos apresentam resposta hemodinâmica e autonômica vagal preservadas durante e na fase de recuperação pós teste de resistência muscular periférica. Porém, apresentam valores absolutos reduzidos de PAD e PAM em comparação ao grupo controle. Palavras-chave: Cirrose Hepática. Sistema Cardiovascular. Sistema Nervoso Parassimpático. Exercício Físico.

O trabalho não possui divulgação autorizada
 

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