Resumo
Comportamentos de risco e indícios de burnout estão associados a perdas substanciais de saúde e evasão universitária. Hipotetiza-se que a atividade física possa constituir abordagem eficaz para reduzir esses indícios. Objetivou-se analisar aspectos vinculados aos comportamentos de saúde, atividade física e indícios de burnout em estudantes universitários de acordo com indicadores demográficos, características do ambiente universitário na amostra selecionada. A amostra probalística por conglomerado foi composta por 3.578 estudantes de graduação da UFPR de Curitiba regularmente matriculados no ano de 2019, tendo como base amostra populacional de 24.032 universitários. Os acadêmicos realizaram o preenchimento dos instrumentos MBI-SS e NCHA II. Foi utilizada estatística descritiva para identificação dos indicadores demográficos e características do ambiente universitário. Para proporção de sujeitos com respectivos intervalos de confiança (IC=95%), foram utilizadas tabelas de contingências envolvendo o teste de qui-quadrado (χ2). As prevalências de indícios de burnout foram estimadas em proporções pontuais acompanhadas dos respectivos intervalos de confiança (IC=95%). Para analisar associações entre as variáveis independentes e indícios de burnout recorreu-se a Regressão Logística Hierarquizada, mediante análise ajustada pelas demais variáveis independentes envolvidas nos modelos (IC=95%). Resultados apontaram a prevalência de 24,8% no uso de tabaco e seus derivados, 69,6% consumo de álcool, 17,0% uso de maconha e 7,3% o uso de outras drogas ilícitas nos últimos 30 dias. O consumo adequado de frutas e hortaliças nos últimos 7 dias da semana foi de 3,9%. Problemas com sonolência foram reportados por 80,6% dos universitários nos últimos 7 dias. Diagnóstico de ansiedade foi relatado por 36,7%, depressão 19,8%, pensamento suicida 29,6%, e tentativa de suicídio 9,8% em algum momento da vida. A prevalência dos acadêmicos que reportaram estresse bastante elevado nos últimos 12 meses foi de 24,8%, já a de universitários que cumpriram a recomendação de prática de atividade física cardiorrespiratória de intensidade moderada foi de 15,0%, vigorosa 16,7% e treinamento de força 37,9%. Por fim, a prevalência de indivíduos que apresentaram indícios de burnout foi de 40,4%. O modelo de regressão múltipla hierarquizada apontou para: sexo feminino (OR=1,30; 1,11–1,51); idade entre 20–24 anos (OR=1,51; 1,25–1,83); e 25–29 anos (OR=1,69; 1,27–2,24); ser solteiro (OR=2,67; 1,01–7,10); apresentar percepção de saúde regular/ruim (OR=1,59; 1,13–2,22), pertencer a cursos de Ciências Humanas (OR=1,37; 1,14–1,64); cursar o 2o ou 3o ano (OR=1,34; 1,12–1,61); rendimento acadêmico fraco (OR=5,35; 4,11–6,96); médio (OR=2,08; 1,78–2,43), não consumir frutas e hortaliças nenhum dia da semana (OR=1,38; 1,01–2,16), apresentar problemas com sonolência pelo menos uma vez na vida (OR=1,39; 1,14–1,70); pensar em suicidar-se pelo menos uma vez na vida (OR=1,39; 1,18–1,63); reportar estresse geral bastante elevado (OR=2,79; 1,28–6,07) como preditora para indícios de burnout. Concluímos que os acadêmicos apresentaram altas prevalências para comportamentos de risco à saúde, bem como correlatos e diagnósticos de problemas emocionais e indícios de burnout quando comparados a outros estudos nacionais e internacionais. Controladas todas as variáveis pela regressão hierarquizada, apenas a atividade física em todas as suas dimensões não foi significante no modelo, refutando assim a hipótese inicial.