Resumo

O comportamento das pessoas é influenciado por uma complexa interação de variáveis, entre as quais estão as de cunho social, cultural e ambiental. Considerando a religião como parte importante do contexto sociocultural, pode-se admitir que ela é um possível aspecto de influência sobre o modo como as pessoas vivem. Com este entendimento, este trabalho teve como objetivo testar a associação entre determinados comportamentos relacionados à saúde com os indicadores de religiosidade de estudantes do ensino médio do Instituto Estadual da Educação – IEE - de Florianópolis, SC. Fizeram parte da amostra deste estudo exploratório de associação com corte transversal, 516 sujeitos, com idade entre 14 e 19 anos, sendo 224 rapazes e 292 moças. Para levantamento das informações utilizou-se questionário testado previamente. Na análise dos dados utilizou-se a Razão de Prevalência, o teste do Qui-quadrado e do Qui-quadrado para tendência, com p<0,05. Os resultados mostraram que as moças apresentaram maiores indicadores de religiosidade do que os rapazes. Quanto à prevalência dos comportamentos negativos relacionados à saúde, verificou-se que as moças se mostraram menos ativas do que os rapazes, tanto com relação ao nível de atividade física geral, quanto à prática de atividade física no lazer, além de apresentarem maior prevalência de percepção negativa de estresse. Por outro lado, os rapazes apresentaram maior proporção de sujeitos que referiu consumo abusivo de álcool. De maneira geral, todos os indicadores de religiosidade avaliados se mostraram associados negativamente ao consumo abusivo de álcool (CAA), fumo e ao consumo de outras drogas (COD). Entretanto, quando estratificada a amostra por gênero observou-se que esta relação foi mantida entre as moças, mas não entre os rapazes. Quando a estratificação foi realizada segundo nível econômico, observaram-se várias associações significativas entre os indicadores de religiosidade e o uso de drogas, tanto para aqueles com nível econômico superior (NES), quanto para os adolescentes com nível econômico inferior (NEI). Para as variáveis relacionadas à alimentação e à pratica de atividade física, a participação em grupo de jovens se mostrou associada significativamente à menores proporções de comportamento negativo. A freqüência de participação em eventos religiosos esteve associada à menor prevalência de inativos no lazer para os rapazes. Os maiores indicadores de religiosidade também foram associados à melhor percepção do nível de estresse e a maior satisfação nos relacionamentos. Na análise de simultaneidade, observou-se que aqueles adolescentes mais religiosos apresentavam padrão de comportamento mais positivo que seus pares menos religiosos. Estes resultados demonstram que, para o grupo investigado, a religiosidade se mostrou associada com comportamentos mais positivos relacionados à saúde, principalmente no que se refere ao consumo de drogas lícitas e ilícitas, e sendo especialmente forte a relação entre as moças. Isto se deve possivelmente ao fato de que as pessoas religiosas têm acesso a uma maior rede de apoio social, o que acaba por facilitar a adoção de comportamentos considerados mais saudáveis.

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