Considerações transitórias

Parte de Educação Física cultural inspiração e prática pedagógica . páginas 99 - 114

Resumo

É muito difícil distanciar-me do objeto de estudo quando se trata da prática pedagógica da Educação Física cultural. Não à toa, meu caro amigo Mário Nunes, o Véio, vive dizendo que me comporto como o “chefe da torcida organizada” do currículo cultural. Na presente investigação, tal como fiz em trabalhos anteriores, reincido no pecado48 que assombra pesquisadores e pesquisadoras de todas as áreas e estirpes. Não me penitencio, sigo para o inferno sem arrependimentos. Não foi por acaso que a militância sobrepujou a criticidade. A fidelidade a um posicionamento político progressista me estimula a enaltecer a docência daqueles que acionam uma pedagogia inspirada nas teorias pós-críticas. Caro leitor ou leitora, você bem sabe que isso não muda a correlação de forças no campo. O currículo cultural é uma proposta contra-hegemônica, combatida ferozmente por setores à direita e, por incrível que pareça, à esquerda. A polifonia em defesa de outras visões de Educação Física é bem maior e ocupa espaços importantes de locução. Encontra representantes nas universidades, nos órgãos governamentais49, nas secretarias de educação50, no Conselho Federal de Educação Física51, nas editoras, nos periódicos científicos e, principalmente, nos meios de comunicação de massa. Qualquer professor ou professora da Educação Básica vive exposto aos regimes de verdade que atrelam o componente ao desenvolvimento motor, ensino esportivo, promoção da saúde, aquisição de comportamentos socioafetivos, etc. Por mais forte que eu grite, a assimetria não se modificará. Felizmente não grito sozinho. Os educadores e educadoras do GPEF fazem coro, e é bom que se diga, esse pessoal não é fraco não. Muitos enfrentam com tranquilidade “caras feias” e comentários de desaprovação todos os dias e mesmo assim seguem firmes na proposta. Mas também há quem tenha muito apoio dos colegas, equipe gestora e, principalmente, dos estudantes52. Os dois casos empoderam quem está disposto a lutar