Sobre
.. não é suficiente, por exemplo, a redução da jornada de trabalho (ou a criação de novos postos de trabalho para quem não o tem) se não se sabe o que fazer ou não se tem condições suficientes de fazer algo com o tempo livre. É preciso, além da redução, qualificação e humanização dos tempos de trabalho, além da criação de novas vagas de trabalho bem remunerado, além de uma preparação para o tempo do não-trabalho, uma preparação para o lazer, que desencadeie numa conscientização da importância do tempo como essência, como atitude, como estilo e qualidade de vida. Não em forma de “terceiro tempo” de que falava anteriormente Cunha (1987), porque acredita-se que o verdadeiro lazer está inserido no tempo livre como um dos seus componentes, e não separado deste como um outro tempo, como defende esse autor. Deseja-se um tempo real, espontâneo, prazeroso, criativo, natural, superior, feliz, autônomo das forças sociais e produtivas, satisfeito, liberto das amarras socioeconômicas e das necessidades básicas. Para uma vida com mais dignidade, é preciso entender e concretizar o lazer como fator de inclusão da pessoa na realidade – local e global –, representando fonte de liberdade, criação e prazer, de reflexão e desenvolvimento pessoal, de produção cultural e intelectual.